sábado, dezembro 23, 2006

Trouble sleeping, RECESSO e chuva de sempre.

Eu detesto quando acumula muita coisa pra escrever, e dessa vez tem viu... afff... muita coisa, espero que essa porra não engula meu post dessa vez.

Sobre o trampo: Tô começando a ver quem é quem já, conhecendo melhor as pessoas, não sei o nome da metade aínda, mas tô sacando que o pessoal é bem legal mesmo, apesar da cara de nerd da maioria... nunca imaginei que ficaria amigo de farmaceuticos!!! hahahahaaa... Sobre o trabalho mesmo, esse vai bem, estou me encontrando, das 24 estantes já consegui ordenar 20, e isso em 3 semanas, mesmo com todas as reuniões e confraternizações. Agora terminar isso só ano que vem, afinal, semana que vem estarei de recesso!!! Adoro essa palavra, RECESSO, em algumas oportunidades é uma palavra muito oportuna.

Blog novo na área, preciso perguntar se posso por o link aki, mas o que posso adiantar é que eu adorei, não tem firulas nem histórias mirabolantes, só uma vida, SÓ uma vida pode diminuir a coisa, mas não é o caso, já que é uma vida bastante intensa, de uma pessoa muito querida e interessante. Tem um outro que já não é tão novo, este é mais "minimal", bem sucinto, mas nem por isso menos interessante, esse eu vou colocar o link nas próximas horas, mas provavelmente ninguém notará! rsrss...

Esses dias peguei um e-mail muito bom, ele caiu na minha mão meio que por acaso, pois é um e-mail entre amigos, uma lenda da fotografia e uma lenda-amazônica-nacional, este último, procurado pela polícia federal a uns 25 anos. Este aí, um dos difusores do Santo Daime nos anos 70 conheceu uma chinesa pela internet, e quando completaram 3 meses de e-mails e msn's da vida, ele estava na China, na casa dela a 2 dias. O cara conta coisas maravilhosas sobre como é viver na China, com uma chinesa e seus filhos, fiquei embasbacado com diversas passagens, as quais pretendo usar nas minhas próximas escrevinhações ficcionais.

Agora sim, está decidido, vou passar o Reveillon em Floripa, devo ficar lá apenas por uns 3 ou 4 dias, mas já é melhor do que passar vendo tv em casa, bem melhor por sinal. Mal vejo a hora de ver o mar de novo, sabem como é né, mineiro não pode ficar muito tempo sem ver o mar! rsrss...

Ummm... sobre os filmes que eu deixei comments no post anterior, muito bons. O primeiro, "Como enlouquecer seu chefe", é um filme B, ví no FX, o cara percebe que a vida dele tá uma bosta, daí vai numa seção de hipnose, quando o psiquiatra manda ele relaxar e esquecer do problema, Páh, o cara tem um ataque cardiaco e não termina a seção, daquele dia em diante o cara fica sussegado, não se preocupa mais, não pilha mais com, trampo, com a mina dele, desencana de tudo e vai curtir uma vida de ócio, o problema é que tudo o que ele resolve fazer e nunca fez antes, diversões simples que parecem banais, todas acabam magoando ou fodendo alguém, e foi bem nessa parte do filme que eu mais me identifiquei!!! hahahahaaa... é foda, o cara dá um pelé no trampo e é promovido no lugar dos amigos que se matam de trabalhar, fala umas coisas desagradáveis pra mina que ele gosta e ela fica puta com ele, entre outras peripécias que só alguém desligado dos valores da frieza e do calculismo, isso sem falar em simancol e raciocínio pró-ativo pode fazer, adorei rir de alguém como eu!!! rsrss... No final das contas, como o baguio é um filme, acaba tudo bem... é, não estou com a Jennifer Aniston, mas fora isso tá tudo bem, eu acho... é... tá tudo bem agora... :D ... hahahahhaaa....

O outro filme, o "Garota interrompida", caraio, que filme é aquele. Acho engraçado o papel da Jolie, é bem parecido com o do Brad Pitt no "12 macacos", ela é a louquinha agitada do hospício, como ele, e agora eles estão casados... Hey!!!! Alguém me arruma um papel de louquinho!!!! Apesar de que a Winona Rider está ótima tbm, ela e todos os quarenta e poucos quilos que ela devia estar no filme, ela é realmente uma graça. Adorei uma hora que nos devaneios dela ela acaba falando "quem nunca teve vontade de roubar algo que poderia comprar"... rsrss... a arte imita a vida mesmo... rsrss... Mas eu saí do foco do que eu queria dizer sobre o filme, na verdade essa noite foi praticamente uma seção de terapia, no primeiro filme eu ví o cara cometendo os mesmos erros que eu e depois salvando o dia com algumas atitudes nas quais eu tenho me visto ultimamente, o que é bem tranquilizador, e nesse eu vejo Susanna Kaysen (WR) deprimida e obcecada com a morte, lutando contra as próprias convicções, lutando contra o que vê em sí, contra o que quer da vida, ou fora dela, querendo tantas coisas mas tendo a parcimônia de saber, mesmo se pergutando se não está sendo covarde, a hora certa de tomar certas decisões.

É muito louco ver como mudar de idéia às vezes pode ser bom, pode parecer um discurso moralista e um visão achatada da vida, mas a Suzy K queria ser escritora e o filme é baseado no livro dela, então ao meu ver, mudar de idéia e mudar acabou dando certo, ao menos pra ela... espero que funcione pra mim tbm. Não me lembro ao certo se tive impulsos suicidas na adolescência, agora, com sono, não consigo lembrar, tive sim, e por muitas vezes, dúvidas com relação à minha sanidade mental! Hahahahaaa... hoje rio disso, mas é a mais pura verdade, afinal, depois de quase uma década indo a neurologistas e tomando Gardenal 120mg (ele é vendido em comprimidos de 50, 100 e 120mg, e quando eu comecei a tomar o de 120mg eu tinha uns 40kg) não seria difícil criar algum tipo de paranóia. No caso da Susanna, eu quase posso ouvir alguém dizendo "é, ela escreveu a biografia dela e fizeram um filme depois que ela morreu, grande bosta, talvez se deixassem ela quieta, sem aqueles remédios todos e aquela terapia de merda, ela poderia ser uma lenda, afinal, a miaoria dos grandes escritores do século XX eram alcoolatras, depressivos ou drogados"... posso jurar também que eu mesmo poderia dizer isso num momento de embriaguês, pois de fato, pensei assim por muito tempo, porém vendo o filme, percebi que a Susanna pode não ser uma lenda hoje, mas certamente ela aproveitou a vida dela muito melhor, assim como eu, antes das tomografias e dos comprimidos eu era uma criança foda, era o primeiro a ser escolhido no futebol (por isso eu detesto o Rogério Ceni, é inveja mesmo, pq eu era goleiro e capitão do time), tirava as melhores notas na escola, era super ativo (depois fiquei sabendo que na verdade eu era hiperativo, o que é um problema), era popular, depois... ok, ok, não vamos mais falar disso, só pra concluir, é melhor viver bem e bastante do que ser um gênio até os 13 anos e depois virar um vegetal.

Aquela biblioteca é ótima, achei a bula do Gardenal lá, na verdade, uma descrição completa do negócio... fiquei com medo, eu poderia ter ficado esquizofrênico, demente (eu não fazia idéia de que "demente" era uma palavra usada clinicamente, imagina um fdp dum médico falando que vc é demente), podia (ou posso, não tenho certeza) ter desenvolvido coagulos no cérebro, entre outras dezenas de efeitos colaterais, alguns dos quais eu experimentei... toc, toc, toc... Sangue de Jesus tem poder, dessa eu me livrei!!!!

(...)... fui procurar o nome da Winona no filme e ví umas fotos dela... realmente, ela é linda.

Voltei a ler o "On the road", acho engraçado como pouquíssimas coisas hoje em dia conseguem me deixar ancioso, livros são pouquíssimos, este eu peguei, lí 40 páginas num dia, mas umas 40 no dia seguinte, depois arrastei mais umas 30 durante o resto da semana e parei, só fui pegá-lo de novo essa semana, uns 6 meses depois, e o pior é que o livro é ótimo, dá vontade de ler, mas eu não sei o que acontece, simplesmente não o abro. Foi diferente com o "100 escovadas antes de ir pra cama", quando peguei lí umas 40 páginas no caminho pra casa, viquei extasiado com a história, daí deixei o livro de lado por quase um mês e quando peguei de novo lí em duas noites, o que pro meu ritmo de leitura é uma marca incrível. Mas estou gostando do On the road, o clima do livro é maravilhoso, o ritmo, é frenético como um cara batendo o pé no chão, tocando violão e fazendo a percussão no corpo do instrumento com uma gaita presa no microfine e cantando um blues marginal, uau, marginal!! rsrss... Quero fazer uma viagem dessas qquer hora, pegar um troco e sair por aí pedindo carona e dormindo nas rodoviárias, 50 anos depois e uns 20.000km mais ao sul é mais complicado, mas acho que dá pra tentar... colher algodão no interior de goiás... arre égua!!!!

Outra lição do Garota Interrompida, algumas pessoas têm o dom de pegar os seus demônios e fazê-los desabrochar, fazer com que eles te engulam, te sufoquem, daí vc entra nessa roleta russa e se afunda nela, se corta, se machuca, como isso é louco... e a pessoa, e vc mesmo, ficam naquele negócio de "eu só fui honesto, não falei nada demais"... é foda como algumas palavras podem ser agressivas, e eu acho que este é o ponto, a agressividade, a dureza. Eu pessoalmente fico meio sem reação com essas coisas,às vezes tenho vontade de agredir de volta, às vezes tenho vontade de mostrar que as pessoas estão erradas, outras vezes quero só sumir, ou calar, as vezes quero bater, ou beijar, a reação vai muito do talento que a pessoa tem pra magoar, pra agredir, pra derrubar, e é incrivel como eu sempre trombo pessoas com esse talento, em dias de pouca sorte tenho a impressão de que vou trombar um desses logo na próxima esquina, já com um dircurso de oito minutos pronto, ou que vão me ligar pra vir me falar merda, e normalmente são merdas baseadas no meu silêncio, na minha resignação, daí eu penso "mas eu falo tanto"... mas não falo direito, não me abro, isso sempre me pareceu muito justo, o que eu sinto é meu, o que é factual eu posso falar, afinal, aconteceu pra todos, mas tem coisas que são minhas e que eu não acho que precise dividir, daí vem um e me fala um monte de bostas sobre "quem eu sou"... eu sou meu, sou pra mim, gosto de dividir, porém até um certo limite, quando eu precisar de um psicanalista eu vou procurar um.

Essa cidade é matadora, um ovo de codorna escorrendo emoções, vazando forças, transbordando de tenções, qualquer tipo de relação aqui é um inferno, um dia vc dá um ombro aqui e de repente está sendo atacado por quem ajudou na semana anterior, daí tem que ser simpático com outro safado pq não era pra vc saber que ele não gosta de vc, daí alguém que chegou agora vem e te xinga com algo e por algo que não lhe diz respeito, e vêm as questões morais, as pupilas dilatadas e as costas no portão, as lágrimas no ônibus, os olhos arregalados quando os segredos estão na ponta de uma lingua alheia, os lábios secos, joelhos juntos e pés separados, a dificuldade pra dormir, as paranóias, os flashes de tudo o que já não era mais nada, as ironias, as cervejas chocas, os pés cansados, viciados, tremendo na sanfona do onibus, as conversas, o msn, os comentários, os scraps, a sensação de não ser bem vindo, o vidro se estilhaçando, as perguntas que não devem ser feitas e as que não queremos responder, os cartões de natal, os brindes, as chuvas à tarde, a deseducação, a estupidez mesmo, essa cidade é uma boca de vulcão.

E eu tô pegando todas as chuvas, é eu colocar o pé na rua que chove, incrivel...

Ouvindo:

Deftones - Like Linus, Dai the flu, Lotion, Change, Elite, Knife prty, Boys republic
Corinne Bailey Rae - Like a star, trouble sleeping

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Esses dias...

I need to be cleansed
It's time to make amends
For all of the fun
The damage is done
And I feel diseased
I'm down on my knees
And I need forgiveness
Someone to bear witness
To the goodness within
Beneath the sin
Although I may flirt
With all kinds of dirt
To the point of disease
Now I want release
From all this decay
Take it away (...)

Dedeche Mode - To Have And To Hold

E o novo trampo, que pessoas são aquelas... vixiii... os caras são muito estranhos, mas são engraçados, já tô até vendo...

De resto vai tudo bem, teve pizzaiada na segunda com o Alekyezz, a Kat e uma amiga dela que eu já esqueci o nome, foi bem divertido, rí muito lá... hoje depois de sair do trampo passei no shopping Morumbi, depois de toda a merda que rolou na última vez que eu fui lá fiquei até com medo, mas dessa vez correu tudo bem... encontrei com a Kelly lá, ela estava trabalhando mas esperei um pouco e assisti ela jantar... rsrss... foi ótimo, apesar da notícia da morte do vô dela, que eu gostava muito. Falamos um pouco sobre muitas coisas, parecia uma conversa de celular, falavamos rápido e sem pensar muito, ela contou de um sonho que teve comigo esses tempos, um pesadelo pra variar... acho que quando durmo meu espírito vai assombrar as pessoas por aí, ou mesmo quando estou acordado, isso explicaria bem minha presença de espírito ultimamente. Ouvindo ela falar do trabalho temporário dela fiquei feliz em ser um quase-bibliotecário... 3000 em vendas num dia me parece uma meta inatingível, acho engraçado como ela é boa pra isso, ela cumpria essa meta até na Teodoro, agora no Morumbi deve estar sendo bem mais fácil.

Vejamos, o que mais... mais nada acho, não tem acontecido muito coisa ultimamente... ou tem... minha memória está uma merda... rsrss... tchau.

Esses dias...

I need to be cleansed
It's time to make amends
For all of the fun
The damage is done
And I feel diseased
I'm down on my knees
And I need forgiveness
Someone to bear witness
To the goodness within
Beneath the sin
Although I may flirt
With all kinds of dirt
To the point of disease
Now I want release
From all this decay
Take it away (...)

Dedeche Mode - To Have And To Hold

E o novo trampo, que pessoas são aquelas... vixiii... os caras são muito estranhos, mas são engraçados, já tô até vendo...

De resto vai tudo bem, teve pizzaiada na segunda com o Alekyezz, a Kat e uma amiga dela que eu já esqueci o nome, foi bem divertido, rí muito lá... hoje depois de sair do trampo passei no shopping Morumbi, depois de toda a merda que rolou na última vez que eu fui lá fiquei até com medo, mas dessa vez correu tudo bem... encontrei com a Kelly lá, ela estava trabalhando mas esperei um pouco e assisti ela jantar... rsrss... foi ótimo, apesar da notícia da morte do vô dela, que eu gostava muito. Falamos um pouco sobre muitas coisas, parecia uma conversa de celular, falavamos rápido e sem pensar muito, ela contou de um sonho que teve comigo esses tempos, um pesadelo pra variar... acho que quando durmo meu espírito vai assombrar as pessoas por aí, ou mesmo quando estou acordado, isso explicaria bem minha presença de espírito ultimamente. Ouvindo ela falar do trabalho temporário dela fiquei feliz em ser um quase-bibliotecário... 3000 em vendas num dia me parece uma meta inatingível, acho engraçado como ela é boa pra isso, ela cumpria essa meta até na Teodoro, agora no Morumbi deve estar sendo bem mais fácil.

Vejamos, o que mais... mais nada acho, não tem acontecido muito coisa ultimamente... ou tem... minha memória está uma merda... rsrss... tchau.

sábado, dezembro 09, 2006

Tem cheiros que não deveriam existir, tô com cheiro de cabo de panela queimado, sabe aquele plastico que não esquenta de jeito nenhum e que usam pra fazer cabo de panela? Pois é, aquilo fede pra caralho, e eu tô com o cheiro daquilo na mão. Fora isso eu estou bem cansado, primeira semana de trampo e sai mais cedo tanto na segunda como na sexta... acho que esse tramop tá prometendo!!! hehehee... Fora isso e os caras que são engraçados (a se considerar q são quase todos estudantes de farmacia na USP eles são ótimos, podia ser bem pior) o trampo é uma bosta, já tomei até uma carcada hoje. Imagine que você tem 5 mil coisas pra por em ordem, mas vc não conhece a ordem e o manual com essa ordem você não tem... deu pra imaginar? Pelo menos 45% das coisas que vc tem que organizar estão em inglês. 70% dessas coisas nunca foram catalogadas, ou se foram, este catalogo não existe mais. Se eu estou animado??? Pode apostar, mal vejo a hora de a CEF me chamar pra eu ficar atendendo aposentados metidos a malandro...

Sobre o resto, bem... a facu acabou, mas não recebi as notas aínda, acho que este é o semestre em que eu estou mais confiante, o que automaticamente me faz acreditar a cada mais e mais num fracasso completo. A última vez que me senti confiante assim com relação a algo foi quando passei na entrevista pra este trampo... em julho... "Uma festa cheia é um monstro"... "Seu ego ainda vai te derrubar"... credo.

Eu adoro este mundo, o direito de ser um despota filho duma rampeira é muito fácil de conseguir, basta ter algum carisma e falar com um mínimo de segurança na frente de uma camera... isso é mesmo lindo. Condenaram o Sadam à forca (adorei sobretudo o detalhe da "forca", o que não é um país se tornar uma república democrática não?) Por que? Porque tentaram matar ele em 198?, daí ele mandou o exercito explodir os guerrilheiros, o exercito foi lá e baixou o cacete... 150 mortes, entre elas, mulheres e crianças. Na mesma semana da condenação, na Palestina, uns iaiaiaiatolalalala mandaram as mulheres de uns guerrilheiros cercarem o esconderijo recém descoberto deles, daí o exercito de Israel foi e meteu bala em todo mundo, morreram várias das mulheres que estavam lá... Vão mandar matar o Olmurth? E o Bush, vão mandar matar ele pelas 40.000 pessoas que morreram no Iraque? Não...


Eu tinha escrito um post enorme, mas o computador travou e só salvou isso parte, e me deu no saco, não vou escrever mais porra nenhuma, bom final de semana.

quinta-feira, novembro 16, 2006

This is a dream or a memory?

Slipknot - Wait And Bleed

I've felt the hate rise up in me
Kneel down and clear the stone of leaves
I wander out where you can't see
Inside my shell I wait and bleed
(...)

You haven't learned a thing
I haven't changed a thing
The flesh was in my bones
The pain runs always free.

Voltando à vida normal eu tive uma visão esta semana, não sei se era um sonho ou sei lá o que, sei que eu estava com a Luciana Vendramini trancado numa sala minuscula, de uns 2x2m. mais ou menos, não tinha móvel nenhum, nem teto, pelo menos nenhum que desse pra ver, eu não sabia de onde vinha a luz que era pouca pois não tinha nenhum ponto de luz lá, não tinha nenhuma porta também, nem janelas, nem porra nenhuma, só eu a Luciana vendramini e mais nada. Comecei a ficar com falta de ar, não por estar com ela, mas por estar preso naquela porra, e quando comecei a ficar ofegante ela percebeu e tentou me acudir, em seguida ela começou também, primeiro começou a chorar, depois socava as paredes até as mãos dela ficarem todas vermelhas e sangrarem, eu deitei no chão e ficava olhando pra cima vendo as pernas dela tremendo, ela chorava desesperada e eu ficava lá, no chão, assistindo, sem nenhuma palavra, era terrível, muito tenso, ela desesperada e eu sem rspirar, puta que pariu, havia muita tensão alí. Do nada ela senta no chão e quando eu percebo estou em cima dela, começamos a rasgar nossas roupas e nos bater na parede e nos beijar feito loucos e nos batiamos, nos arranhavamos, chutavamos as paredes e fodiamos feitos desesperados, e era tudo tão silencioso que podiamos ouvir apenas as nossas respirações e gemidos e a sala parecia menor a cada enfiada, os dois percebiam isso e começamos a aumentar o ritmo como se fosse um tudo ou nada, um suicidio/assassinato concentido e anseado, aquelas paredes nos apertando um contra o outro e a respiração ficando cada vez mais difícil, o ar mais rarefeito, o espaço desaparecendo, os nossos corpos numa coisa doente que não era nem carinho nem agressão, era só sexo, suor escorrendo pelas paredes, sangue nas mãos, nos pés e por todo o resto, aquele misto de firmeza bruta e tremor aterrorizado e aquela tensão silenciosa interminável parecia que ia explodir tudo, e isso era tudo o que queriamos e quando já não restava oxigênio algum lá veio o gozo e uma das paredes caiu... aínda sem nenhuma palavra olhei para trás, ví no espelho que meu zíper estava aberto, fechei-o e saí do elevador procurando a recepção.

quarta-feira, novembro 08, 2006

Ondinary day

A atmosfera está parada, pesada, o cheiro fétido da geladeira que eu teimo em não limpar já empesteia o andar todo, acordo e ligo a TV, nada novo, só muda o nome da cretina que passa as receitas, no SPTV eles alternam entre as merdas que acontecem todos os dias na cidade com a prisão de mais uma quadrilha de estelionatários, depois um velho quase cego tentando ao falar bem das merdas de pinturas que faz, aumentar o preço delas e quem sabe conseguir uma exposição numa casa de cultura cheia de mendigos e cheiradores de cola dormindo na varanda toda pichada. E a tarde vai passando a ritmo de tartaruga temperada a feijão estragado e queijo rançoso, até que o telefone toca, pensei em não atender, afinal, deve ser só o banco me explicando que o computador não sabe reconhecer o meu dinheiro, e que o imbecil que me ligou não pode fazer nada, mas que eu preciso passar quarenta minutos no telefone pra explicar para uns cinco outros imbecis que o meu dinheiro já está lá, pra eles devorarem como lobos na pradaria. Resolvi atender, mudei de canal e me deparei com um belo biquíni, podia ser um sinal de um dia melhor.

"Ok então, estou indo praí, se eu não chegar até dar o teu horário deixa na portaria ok?... Ok, tenha um bom dia!" Era uma boa notícia, finalmente eu ia pegar o envelope que mudaria as minhas tardes, depois de meses de humilhação a merda toda chegaria ao fim, era só fazer a entrega e estava tudo certo.

São três da tarde, ainda dá tempo de comer alguma coisa, afinal este era o grande dia. Passo na cozinha e o cheiro de azedo entope a minha cabeça, a pia está cheia e eu não estou com cabeça nenhuma pra arrumar nada, acho um prato meio limpo e sirvo arroz, abro a geladeira e aquele cheiro me ataca como um palmeirense gordo e suado depois de uma feijoada com caipirinha, o cheiro daquela merda faz eu me sentir imundo até dentro das calças, depois daquela porra não tenho mais forças pra comer, vou tomar um banho.

Ligo o chuveiro e os canos velhos cospem aquela porcaria enferrujada por uns quinze minutos, quando entro na água gelada ainda consigo sentir o gosto de ferro entrando na minha pele. O que não te mata te deixa mais forte dizia meu antigo chefe, que grande filho duma puta aquele velho, se ele tomasse um banho aqui ele nunca mais dizia esse tipo de asneira! Saio daquela merda e visto a mesma roupa de ontem já que as outras já estão ensacadas, prontas pro dia do despejo que se aproxima. As roupas até que não fedem tanto, mas o desodorante acabou e vai dar a elas uma prova de resistência que eu preferiria não presenciar, mas não posso.

Cigarros, carteira, celular, chaves, é só, quero andar leve por aí hoje, sem distrações. Desço as escadas animado, afinal aquilo tudo tinha data pra terminar afinal, e a data era hoje. Vou até o ponto de ônibus, entro e quando passo da catraca percebo a merda que eu fiz, afinal, o Largo da Batata não é o melhor lugar pra se passar num final de tarde, desço do ônibus e pego outro, pela Paulista, num dia como esse não dá pra ficar sem passar pela Paulista. Agora assim no calor do momento, eu posso jurar pra você que não teve um dia memoravelmente bom nessa vida que eu não tenha passado pela Paulista, mesmo que só por uns poucos minutos, claro que tive dias do caralho em Floripa, em Curitiba, no Rio, em Minas, mas qualquer dia longe dessa porra de cidade é bom, não precisa de muito esforço.

Desço na Paulista, dou uma fungada naquele cheiro de mijo e ar condicionado e sigo pra Nove de Julho, desço aquela ladeira deprimente da FGV e caio no ponto de ônibus. Não demora e vem o expresso do Cão, o Terminal Santo Amaro, o ônibus com as pessoas mais feias e mal educadas que o JC colocou na órbita. Entro e de cara já tem um time de futebol cheio de ranho na porta, as gordas que ostentam os futuros traficantes da minha antiga neighborhood não dão um passo pra facilitar a passagem, e com o empurra-empurra da massa entrando no ônibus em segundos já é impossível ouvir qualquer coisa além dos gritos agudos e estridentes do futuro do país. Vou para o fundo e me sento entre o sanfonado do ônibus e a última porta, olha para o asfalto e fico hipnotizado pelas faixas passando quase todas com marcas de pneu enquanto sinto os olhos de uns caras passando da minha cara para as minhas mãos e os meus bolsos como se fossem um scanner.

Sentado ali com os chacais me rondando eu lembrava da minha adolescência, alucinado por diversão, com uma bela guria, sexo abundante, amigos em cada esquina dessa pizza escrota e fodida que é São Paulo, viajava a cidade toda como office-boy, comia incontáveis cachorros-quentes durante todo o dia e tinha dinheiro para cada um deles, para cada uma das cervejas que eu tomava, cada paranga, cada espelunca que me oferecesse música alta e vadias sedentas, e como havia vadias nessa cidade, se eu me concentrar bem posso até ver um seio que tenha me sido ofertado pra chupar em algum beco escuro da Vila Madalena ou do Socorro, caralho que época fodida de boa! Hoje tenho uma boa formação, experiência profissional, um passaporte, uma faculdade, uma pilha de diplomas de cursos e palestras imbecis e não tenho dinheiro nem pra comprar um maço de cigarros, cadê a merda do país do futuro que não chega logo!?

Desci do ônibus num pulo, os filhos da puta tentaram descer junto, mas a porta fechou antes e prendeu o braço de um deles. No caminho pra pegar o envelope eu passo pela casa de duas minas que eu conheci antes de ficar duro, uma delas, segundo o que eu ouvi esses dias num bar está assaltando velhinhas no Largo Treze e usando a grana pra comprar crack, a outra está bem, descobriu que é lésbica e me odeia um pouco menos hoje, considerando nosso último encontro quando ela me deu uma cotovelada.

Enfim cheguei, o lugar tem uma portaria suntuosa, piso de mármore, seguranças armados, olhando de fora nem parece que eles são tão incompetentes. Chegando lá eu peço pro segurança pra falar com a Ana, que é quem está com o pacote, ele finge que não ouve e eu preciso repetir, mais alto. As pessoas em volta me olham torto, como se eu estivesse numa maternidade, enfim o cara ouve e se vira na minha direção. “Ramal 5060, liga aí!” Ok, ok, não vou estragar o dia por causa de um filho da puta qualquer, ligo no 5060 e nada, ninguém atende. “Aê campeão (tem que incentivar né!), ei, campeão! Ninguém atende, tem outro número pra eu ligar?” Depois de uns vinte segundos ele resolve virar a cadeira e pega a lista de ramais, ele analisa aquela porra como se estivesse em chinês, franze a testa, se coça, seca o suor da testa e depois de uns dois minutos “ah, tenta lá no 5061!” Tento no 5061, nada ainda, tento nos outros ramais que eu já conhecia, nada. “Ei campeão, não dá pra eu entrar e procurar a pessoa?” Ele me olha, pelo jeito ele se enfezou porque agora ele até se levantou. “Aí, se ela não atende que diferença faz você ir lá, volta outro dia!” Ele falou na maior naturalidade, se virou as costas e voltou pra cadeira. Quando eu pensei em dizer ou fazer alguma coisa aparece uma galega daquelas de fechar o bar, ela desce de um desses carros bem baixos, esportivo, sabe aqueles com o nome cheio de letras e números? Então, ela desceu com um daqueles terninhos combinando com a saia, chegou na portaria e ligou, no segundo toque “Ana, oi! Aqui é a Andréa, você já está com os meus papéis?... Ok querida, vou te esperar aqui na portaria mesmo porque eu to super apressada, beijo.”

Fiquei estático, com o cigarro na boca e o isqueiro na mão eu fiquei lá, estático. Ela deu dois passos para trás, pegou o cigarro na bolsa e acendeu, olhou pra mim enquanto dava o primeiro trago e perguntou “quer fogo?” como se estivesse dando o gole do santo, sem nem saber se eu estava mesmo ali. Pra não gaguejar eu fiz que não com a cabeça e acendi o cigarro. Eu estava morto, começou a garoar e esfriou uns dez graus no tempo entre ela acender o cigarro dela e eu acender o meu, e foi depois de acender o cigarro que eu olhei pro relógio da rua e vi que eu estava de pé ali já fazia quase meia hora, então pensei em me sentar na calçada, mas com uma escultura daquelas na minha frente fiquei intimidado, afinal posso ser meio descuidado e estar com cheiro de ferrugem, mas pelo menos eu tinha que manter algum brio, afinal essa merda de cidade sempre foi cheia de surpresas.

Lá pelo segundo trago dela e o sétimo meu aparece a Ana, num conjuntinho perfeitamente igual ao da louraça, só que de outra cor. Ela chamou a outra, Andréa, não posso me esquecer, entregou uns papéis, trocaram uns dois minutos de conversa mole e se despediram, quando a lourona veio eu não consegui não olhar, e olhei-a indo até o carro, quando olhei pra de volta pra portaria a Ana já estava quase sumindo no corredor, então tive que gritar o nome dela e abanar as mãos feito um retardado e como não poderia deixar de ser todos me olharam com o olhar de repulsa da outra hora, inclusive a alemoa que já estava dentro do carro, mas pelo menos a Ana ouviu, ouviu, se virou e veio em passo de tartaruga, quando ela chegou eu me senti um idiota de vez quando ela me perguntou “o que foi, pra que tudo isso?”. Então me apresentei e disse que estava lá atrás do envelope, ela me olhou com cara de menosprezo e me pediu pra esperar mais um pouco.

Eu fingi que não sabia o que era “mais um pouco” e continuei de pé, por mais meia hora. Enfim aparece ela de volta com aquelas pernas enormes e lentas, me entrega o envelope e diz que precisa de um feedback (detesto quem usa essa palavra) o mais rápido possível, o que nem merece resposta, apenas um “ok, até mais”.

Saí de lá sem olhar pra trás como quem sai da boca de fumo pela primeira vez, depois que virei a esquina pulei, corri um pouco, pulei de novo e assim foi, alguns socos no ar e eu já estava farto de comemorar, eu precisava de um cigarro, precisava passar no banco e procurar algum dinheiro, olhei o relógio da rua e percebi que tinha ficado mais de uma hora por lá, sem bancos a essa hora. Fui na direção do shopping pra caçar um caixa eletrônico com os olhos vidrados no que eu tinha em mãos, peguei as ruas mais tranqüilas que encontrei, atravessei a rua em todas as poças d’agua, segurava mais forte o envelope a cada pessoa que me cruzava na rua pois nada, nada poderia estragar aquele momento.

Cheguei no shopping, perguntei pro segurança e fui na direção dos caixas eletrônicos do estacionamento do pico. Eu andava pelos corredores do shopping como se fosse o príncipe da Dinamarca, sabe aquelas pessoas que não precisam sorrir nunca pois a satisfação pode ser notada na pupila dos olhos? Pois é, esse era eu, cantando a perfect situation do Weezer bem baixinho, só pra mim mesmo. Cheguei no caixa eletrônico já com o gostinho do cigarro entre os lábios, pus o cartão, digitei a senha, recusei o seguro 24h, digitei a outra senha, escolhi o valor, pouco pois não precisava de muito pra ficar completamente satisfeito, só um cigarro, um expresso talvez, toca o telefone, deve ser alguém querendo saber se eu já tinha conseguido o envelope, coloquei o envelope no porta-treco do caixa e atendi, era engano, no caixa aparece SALDO INSUFICIENTE, “como assim saldo insuficiente!!!! Essa porra desse banco é uma bosta mesmo!!!”, quando penso em chutar caixa olho pro lado e cadê o envelope? Presto bem atenção e percebo que não havia porta-treco algum ali, apenas um buraco, um fino e inconveniente buraco. Olho por ele e consigo ver o envelope, me desespero, tento por a mão no buraco, tento empurrar, puxar, empurrar, puxar, quebrar, abrir... nada. Começo a me desesperar de verdade, o ar me falta, as mãos tremem, não consigo ver direito pois está tudo turvo, e o caixa apitando e dizendo SALDO INSUFICIENTE, SALDO INSUFICIENTE, SALDO INSUFICIENTE!!!! Olho em volta e vejo apenas um segurança olhando pra mim, algo me diz que se eu puxar uma peça metálica do caixa eu consigo chegar até o envelope, eu consigo vê-lo, ele está a uns quarenta centímetros de onde a minha mão alcança, mas algo me diz que o segurança não vai gostar nada de me ver quebrando aquela bosta, olho pros lados louco, alucinado pensando em tudo que eu passei pra conseguir aquela merda de envelope, e olha que aquela não era minha primeira incursão em busca dele, eu já estava a meses sendo humilhado e jogado de um lado pro outro pra provar que eu podia tê-lo e em duas horas com ele eu provo que não mereço, em duas horas eu estraguei o trabalho e a esperança de meses, falo com o segurança e ele me diz que só dá pra pegar quando o carro-forte passar, o que vai ser em uma ou duas semanas pois ele tinha passado naquela mesma manhã. Perguntei pra ele se não tinha outro jeito e ele me diz que não, pergunto de quarenta formas diferentes pra ver se ele entende e ele me diz que não tem outro jeito, começo a ficar louco de novo, minha cabeça começa a esmagar meu cérebro enquanto eu entro e saio do caixa eletrônico vendo o envelope ali, a centímetros das minhas mãos, mas eu não posso mais pegar, penso em mil possibilidades, vou na caçamba de uma obra pela qual passei no caminho do shopping e pego um arame, arrumo também fita adesiva mas nada tira aquela porra daquele envelope do buraco.

Sento no chão e é como se meu pulmão não recebesse mais oxigênio nenhum, a garoa aperta mas não chega a me incomodar enquanto me olho na poça d’agua e percebo que a veia na minha testa está pulsando, vejo tudo o que eu tinha planejado, tudo o que eu podia fazer simplesmente caindo atrás do caixa eletrônico, e eu não posso pegar, eu não consigo, eu não tenho forças. Olho em frente e a lorona, a Andréa vem na minha direção, não faz mais diferença estar sentado no chão, ela entra na fila do outro caixa, quando percebe que eu sou o otário que não tirava os olhos da bunda dela a duas horas atrás franze a testa como se aquilo fosse um cumprimento e se vira como quem quer apenas evitar qualquer outro tipo de interação, eu volto com a cabeça para o meio das pernas e continuo a tentar respirar, sem muito sucesso.

Penso em chutar, xingar, gritar, chorar, penso em como poderia e/ou deveria ter feito isso em outros momentos do dia, penso na minha vida, nas dívidas, nas perspectivas, penso em como o conteúdo daquele envelope se encaixava como uma luva num final feliz pra essa história e pra tantas outras que eu ainda pretendia escrever, pensei no que faria se conseguisse o que pretendia tendo aquele envelope em mãos, pensei em tudo isso no trem, depois no ônibus, depois da van, na porta de casa, no chuveiro, na cama e agora penso aqui, penso, olho para os lados e digo bem baixinho, só pra mim... “preciso parar de fumar.”

quarta-feira, novembro 01, 2006

All I need is bottle.

Minha semana acabou já, antes do esperado ela já era, agora só tenho a aula de hoje e estou livre pra pensar sobre o feriado... ahhhh... adoro feriados, não que faça muita diferença pra mim agora, mas mesmo assim adoro feriados, porque pelo menos não fico sozinho vagando pela cidade!! rsrsss...

A semana passada foi realmente uma loucura, muito trampo, muita coisa, muita coisa... uau!!! Tô trabalhando num conto agora, deve ficar pronto antes do final do feriado, estou ancioso pra postar, mas não tive muito tempo pra escrever esses dias, então, teremos que esperar!! ahahaha...


Por hora é só, daqui a pouco e volto!! Gostaram da Imogen?? Os comments estão aí pra isso gente, vamos usá-los!!!

Beijos e abraços, porque tenho que correr!!!

segunda-feira, outubro 23, 2006

It's the hell of sensitive?

Acordei meia-noite hoje, dá pra acreditar? Ví a corrida (e que ótima corrida) pela tv e depois fui dormir... perdi o domingo, o show do Forgotten que eu iria de graça e agora estou aqui, vendo alguns dos meus vídeos preferidos no Youtube.

Aqui seguem alguns deles, da Imogen Heap, não entendo essa mulher, só sei que no ano passado comprei um CD dela num sebo e me apaixonei pela menina, a música é doce, tranqüila, música pra preparar café da manhã no domingo, pra escrever numa tarde chuvosa, pra caminhar no parque (não no Vila Lobos de domingo, porque aquilo nem de longe cheira a paz), pra ver o Sol se pôr tomando um chimarrão, ou seja, música para estar consigo próprio.

E só um detalhe, ela faz tudo sozinha, quase sempre, no estúdio, nos shows, é só ela, um Mac, umas parafernalhas e só... uau!

Este link é para a música Hide & seek: http://www.youtube.com/watch?v=Cd5TkW0t0DE&mode=related&search=

Este é para Goodnight and Go, uma música sensacional, ao vivo no Late Show: http://www.youtube.com/watch?v=Mv6sXToEy2A

Come Here Boy: http://www.youtube.com/watch?v=U6G1miAqIoY

Este aqui, para Angry Angel, mas não é ela no clipe, é o Marilin Manson do Japão, as imagens são boas, muito bonitas, mas pra quem tem estômago: http://www.youtube.com/watch?v=fUmojBkT6R8

Daí vão vir me dizer que "vc tá traindo a Björk?". E eu respondo, não sei.

Boa noite, boa semana.

sábado, outubro 21, 2006

Não somos maravilhosos, mas nós somos competentes.

Quiet now in sleepy dreams
To me it seems the only time to be
Just me
Bombarded by the phone, in my own home
Can't get the space that I need
And how I need it, yeah

Crowded by the city, all around me
Need some silence from the loud
And noisy crowds

And i'm trying to catch a breath through the air of death
Can't see the sun for the clouds
Those dirty clouds
And the night has no compassion for your actions
When you're trying to get away
From the hard day, yeah

(Imogen Heap - Oh me, oh my)



Essa semana está sendo bem gostosa, arrumei um freela, vou ganhar um troco semana que vem, mas mesmo assim continuo aceitando convites para uma cerveja grátis e afins. Gostei da semana também por causa do clima, nublado, às vezes uma chuvinha mas nada de frio, pelo menos não muito, gosto quando o tempo fica assim, gosto de ter tempo livre ou mesmo de ser dono dos meus horários, gosto de trabalhar na minha área, quando cansava de catalogar eu lia uns trechos de Hemingway, Poe, Oswald de Andrade, Mario, entre outras coisas ótimas que tinham lá, isso sem falar nos infantis, 028.5 é a CDD para livros infantis, eu fico pirando, queria ter tido a chance de ler mais quando era criança, as crianças de Hortolândia (essa não é a biblioteca de Hortolândia, é a de NY, que eu adoraria conhecer), que é pra onde vão os livros que eu tô preparando vão ter uma biblioteca maravilhosa, morri de inveja!! rsrsss...



Mesmo assim, acho que o mais gostoso nessa semana foram os momentos que passei comigo, eu e Deus caminhando por Pinheiros, dei umas voltas no cemitério, nas ruas do entorno, comi umas empadas maravilhosas, tomei café vendo a chuva cair ouvindo Imogen Heap por pelo menos quatro oportunidades, como eu gosto dessas besteirinhas... cozinhar, tá aí outra coisa que eu adoro, gosto da comida da minha mãe, gosto de pizza, mas cozinhar pra mim é o melhor, quando fica bom então !! rsrsss...

Essa semana foi bem tranquila, algumas coisa chatas, mas outras maravilhosas aconteceram, teve o aniversário do Ganso na quarta, foi a primeira vez que eu dei graças a Deus por não estar trabalhando, e foi bom mesmo, cheguei no bico meio-dia... hahahaa... mas foi ótimo, sinuca e cerveja e amigos e papo furado e causos e causos e causos, sabem como é né, sou mineiro, não vivo sem um causo, sem uma conversa de bar, sem rir, puta que pariu como eu rí nessa noite, foi maravilhoso, quinta também, como eu me diverti, como eu adoro estar assim.

Mas a minha depressão de final de ano vai começar, estou sentindo, BB King, Toy Dolls, Mostra de Cinema, Tim Festival, Ctba festival, tanta coisa boa nesse final de ano e por enquanto só vou no New Order, não é menosprezando os caras, mas eu queria mais... esse vai ser um final de ano sofrido, vou precisar me manter ocupado pra não deprimir, aínda mais com toda a merda que está acontecendo na minha conta bancária.

Está é uma música que eu realmente viajo, me lembra muito a minha mãe que eu adoro, e as conversas que a gente tinha e tem até hoje.


Deftones - Simple Man

Mama told me
When I was young
Come sit beside me
My only son
And listen closely to what I say
Oh, if you do this, it will help you some sunny day

Oh, take your time
Don't live too fast
Troubles will come
And they will pass
And you'll find a woman
And you'll find love
And don't forget, son, there's someone up above

And be a simple kind of man
Be something you love and understand
Baby, be a simple kind of man
Won't you do this, if you can

Forget you lust for the rich man's gold
Everything you need
Is in your soul
And you can do this
If you try
Everything I want for you, my son, is to be satisfied

Be a simple kind of man
And be something you love and understand
Baby, be a simple kind of man
Won't you do this for me, son
If you can

Boy don't worry
You'll find yourself
Follow your heart
And nothing else
And you can do this
If you try
All that I want for you, my son
Is to be satisfied

Be a simple kind of man
And be something you love and understand
Baby, be a simple kind of man
Won't you do this for me, son
If you can

Be a simple kind of man
Be something you love and understand
Baby, be a simple kind of man
Won't you do this
If you can

domingo, outubro 15, 2006

VESTIDO DE NOIVA - PARTE 2

Como eu disse da última vez que nos encontramos, algumas coisas simplesmente estão fora do nosso controle, uma dessas coisas é o fato de que o tempo do mundo nem sempre é o mesmo da gente, acho que é uma questão de sensibilidade, é, sobre isso eu não sei muita coisa mesmo! Sei apenas que a vida é cheia de surpresas, boas e ruins, e que por mais que não seja da nossa natureza, há momentos em que temos que nos resignar. Mas o verdadeiro problema, é que tem gente que não sabe a hora de parar.

Você já teve a sua surpresa de hoje?

VESTIDO DE NOIVA - PARTE 2

Dois anos depois...

De lá pra cá miuita coisa aconteceu na minha vida, muitas pessoas passaram pela minha vida com suas histórias, passados, sonhos e como vocês já poderiam esperar, nenhum desses sonhos casou com os meus. Vocês devem estar se perguntando se eu cheguei a ligar pra Ana Julia depois né? Pois nem precisei, nos encontramos no metrô um dia desses, trocamos e-mails, telefones (Se a encontrarem boca de siri hein!! rsrrsss...) e como já era de se esperar, nada aconteceu. Acho que provavelmente porque não era pra acontecer mesmo, mas isso aconteceu também porque algum tempo antes eu tinha conhecido um gata de parar o trânsito, sabe aquelas que você quer apresentar para os amigos antes mesmo do primeiro beijo? Pois é, já estava saindo com ela havia algumas semanas, por isso deixei a A.J. no forno mais um pouco, pra gratinar ou pro próximo tentar a sorte mesmo.

Voltando à gata, o nome dela era Luiza, que mulher, uau! Pois é, depois de mais algumas semanas ela começou a freqüentar a minha casa, daí sabe como que é, ela era modelo e morava numa kitinete com umas outras 8 gaúchas, então como a casa era razoavelmente confortável ela foi ficando, levando umas roupas e logo ela já estava até lavando a roupa.

Não tinhamos muita coisa em comum, mas de alguma forma muito estranha as coisas rolavam bem, então fui deixando as coisas tomarem seu próprio rumo. Com o tempo percebi o quão grande aquilo estava se tornando, afinal, quando uma mulher é criada para algo não há quem desfaça. Mães gaúchas costumam ser muito competentes, é só você perguntar a procedência de um daqueles pares de mórmons que andam de calça preta e camisa no Sol escaldante o dia todo tendando converter todo mundo, oito em cada dez são gaúchos, é uma loucura. Então, mães gaúchas não criam as filhas para outra coisa que não seja casar, e com ela não era diferente.

Esses dias um amigo me disse que eu sou um analfabeto no que diz respeito a mulheres, ele disse que eu só consigo decifrar simbolos, como aqueles marcando os lugares especiais no ônibus... na hora fiquei viajando nos bonequinhos e nem liguei, mas pensando bem acho que ele tem razão.

As coisas iam bem entre eu e a Luiza, eu estava meio incomodado com ela em casa, mas ela não falava nem mesmo que era minha namorada, então isso me mantinha mais sussegado. Até que numa bela tarde de sábado ela tava deitada no sofá vendo tv e eu ví aquilo que acabou virando a nossa relação em 180°. quando fui pegar uma cerveja na mesinha de centro eis que eu me deparo com uma tatuagem, fui dar uma olhada melhor e ví, era grande, no pé, e era o meu nome, em letras garrafais...

- O que é isso? - Perguntei aínda em choque.
- Pensei que fosse o seu nome. - Respondeu ela na maior naturalidade do mundo.
- Por que?
- Porque eu gosto de você, queria fazer uma homenagem.
- Homenagem? Eu tô pra morrer por acaso?
- Não querido, achei que você ficaria feliz, afinal de contas, isso é uma prova do quanto eu gosto de você.
- ... ummm... eu gostei, mas... ok, é linda, obrigado.
- Você não gostou né, desculpe, não sabia que seria um incomodo tão grande assim.

Isso ela sempre fazia, era manhosa, sempre dava um jeito de eu me sentir mal, não tive mais respostas, então dei um tapinha na perna dela e disse que ficou lindo, então saí da sala. Passei o resto do final de semana, depois a semana e mais outra pensando no quanto eu deveria significar pra ela para que ela fisesse uma coisa daquelas, no começo fiquei assustado mas logo me acostumei com a idéia e comecei a gostar, gostava do fato, da idéia por trás e do que aquilo significava para ela, e sobretudo o que significava pra mim.

Passei a gostar dos pés dela, nunca fui muito chegado em pés, mas os dela era muito bonitinhos, pequenos, meio ossudos e machucados por ela ter bançado balé na infância mas mesmo assim eram pés lindos. Na cama passei a dar mais atenção aos pés dela, beijava-os incansavelmente, fazia massagem, beijava mais aínda, e em pouco tempo percebi que estava apaixonado por aquela tatuagem, talvez tanto que já nem dava mais tanta atenção pra Luiza, pra falar a verdade, depois de algum tempo comecei a me irritar um pouco com ela, não sei direito porque, acho que é porque ela nunca estava em casa, mas não sei bem o que aconteceu.

Depois de uns dois meses acabamos por nos separar, nada muito traumático, ela conseguiu um contrato ótimo em New York e foi, eu fiquei num misto de decepção, alegria e saudade, mas não tinha saudade especificamente dela, mas sim daquela tatuagem.

sexta-feira, outubro 13, 2006

É muito doido descobrir que as pessoas gostam de vc, não todas, até pq isso seria impossível, ou no mínimo muito estranho, mas quando vc descobre que tem gente que torce por vc, que quer te ver bem... tudo bem, descobrir não é bem a palavra, mas ouvir das pessoas e não só achar que é assim, daí a coisa é muito louca. Mesmo quando vc descobre que alguém lembra de vc e vc tinha certeza de que ela não se lembraria, ou que mesmo se lembrasse não daria a mínima... louco né...

Esses últimos tempos têm sido de surpresas, boa parte delas boas apesar da minha cara. Ontem encontrei uma amiga muito querida e logo quando cheguei ela me perguntou se eu estava doente!! rssss... por causa dessas coisas eu vejo que está na hora de mudar de atitude, e faz tempo que não penso e nem falo essa palavra... atitude... é crianças, vejo o quanto essa tem me faltado nos últimos tempos, e o quanto ela tem feito falta.

Mas o impotante é que o feriado em São Paulo promete ser um dos mais vazios, greve dos bancários recém terminada, chuva, frio, chuva... não pus os pés pra fora de casa hoje e tenho a impressão de que se é que tem alguém na cidade, eles também não o fizeram.

A vida é essa, a vida é agora!!!! Vou levar isso mais a sério, tanto o blog quanto a frase, pra mim, pra vida mesmo... agora o bicho vai pegar.


Ouvindo:

Deftones: Lotion, Root, Be quiet and drive, When girls telephone boys, bored.

segunda-feira, setembro 25, 2006

Verborragia, morangos e champagne... Empty your pockets cuzz ya don't live twyce!!!

Um pensamento, um único pensamento momentâneo e aparentemente inofensivo pode ser aquele que vai mudar tudo, um questionamento, uma pessoa que você encontra na rua, um lugar que te vem à memória, uma música, um palavra, um cheiro, uma sensação, é tanta coisa que não dá pra descrever, não dá pra tentar juntar tudo e, sobretudo, não dá pra manter as rédeas sobre tudo o que se passa entre nossas orelhas ou entre nossos passos.

Tenho vivido dias muito tensos, cheios de vida e de morte, facas, aranhas, pessoas queridas, lugares que me trazem lembranças, situações que me trazem lembranças, lembranças que me alegram, outras nem tanto, garrafas, louça pra lavar, coisas pra pagar, procurar, procurar, procurar, pôr os pés no chão e deixar a mente voar (Where is my mind?) quando necessário, ver gente, fugir de gente, querer e não conseguir, chorar, chorar, socar, chutar, chorar, doer, doer, doer, o sofá de couro branco, pés de metal, as taças de água, o churrasco, a fome, o jejum sem fome, o vazio, o se encontrar, o preencher, procurar, procurar, os erros, a burrada, a escolha, a decisão, o silêncio, o método alemão, o silêncio...

You gonne get high as the sky
You're kissin' your life goodbye
You think it's a game that you play
But the winners lose it all someday.

You think it’s a game
You think it’s a game

You think it’s a game

You think it’s a game…

Conviver, fugir, estar, silenciar, correr, caminhar, jogar bola, não jogar, perder, perder, perder, conviver, superar, chorar, muitas idéias, outras propostas, capacidade, duvidar de si, corrigir o outro, querer, querer, matar, morrer um pouco, querer abraçar o mundo, fugir daqui, sair daqui, desespero, promessas vãs, credito, descrédito, vergonha, mentira, dadaísmo? Não, definitivamente, realismo fantástico, ilha da fantasia e da pizza, da garoa, da miséria, da fome, do descaminho, muita gente, periferia interminável, centro belo e sujo, e o resto? Eu quero, tenho medo mas quero, pior que isso não deve ser.

Os jornais, as revistas, os famosos, os amigos, perdi a peça de um amigo, o show de outro, vou à exposição de um, mas e a outra? É longe, fora daqui, queria ir, mas o meu dono não deixa, algumas dependências são eternos, algumas forças indestrutíveis, algumas barreiras intransponíveis, alguns segundos irretocáveis e outros quando não se sabe o que dizer são f... Tente alegar embriagues, nervosismo, o que seja, é tudo verdade mas é tudo desculpinha, a explicação não merece ser proferida, está feito, desfeito, dito, pensado, foi, faz diferente ou corre e se afunda de vez, mas não se explique, um dia terei essa sabedoria.

Quero um lugar onde eu não seja refém da verdade!!!! Refém do passado, dos dedos em riste, das risadas, da pena, do julgo, dos atos, das palavras que eu disse, mas já não acredito, das que eu acredito mas não quero usar, das que eu ouço e não quero acreditar, ou não quero retrucar, ou não quero ouvi.

Não quero mais acreditar em profetas pessimistas, quero acreditar na evolução, constante. Quero acreditar na capacidade de perdoar, aprender, superar-se, quero acreditar na capacidade de acreditar, acreditar no suspiro, no gemido, no cheiro, nos olhos, quero acreditar no que é dito enquanto a boca cala, no que é dito sem permissão, quero me permitir falar, me permitir terminar a frase, me permitir atender ao telefone ou mesmo a permissão de ligar, quero ser mais livre de mim e das minhas próprias castrações.

Que dias muito loucos estes, como hoje quando fiquei cerca de dez minutos completamente sozinho no ponto de ônibus de uma rua deserta encarando uma pomba perneta, ela me olhava, se coçava e dava um pulo, como um Saci, eu a olhava, dava um trago, olhava de novo, dava mais um trago, tentava desviar o olhar, mas não dava, a porra da pomba perneta ficou me encarando até o ônibus chegar. Entrei no ônibus ouvindo Oasis e fiquei pensando no porque de a pomba ficar me encarando... Alguém tem alguma idéia???

Preciso urgentemente de uma praia, preciso ver o mar, na verdade preciso sair dessa cidade, não importa muito pra onde eu vou, mas a preferência é uma praia, de preferência uma bem calma, bem vazia, bem quieta, um daqueles lugares pra você se sentar na areia e ouvir apenas o barulho de uma onda, depois outra, depois outra, e outra. Queria ter ido com a minha mãe pro México, estava vendo os vídeos hoje, tem de tudo, desde ruína Asteca, praia deserta, tequila, praia badalada, Hard Rock Café, muamba, tequila, mar verde, mergulho nos corais, ondas, comida boa, tequila... afff... ainda vou cair pra lá, é tipo uma Floripa super-desenvolvida.



Algumas coisas não mudam, nem depois de alguns anos:

(...) dirigir a vida sem carta, sem recomendações, viajar sem chinelos, Chile, a névoa esconde a rua, e o céu anda cinza de sono, ou chumbo depois das seis da tarde, (...)

(...) a balança comercial favorável a uma boa tarde de sono, depois de uma manhã de sono (...) eu adoro, eu brinco e rio como se tivesse 13 anos, não conhecesse nada, nem a mim mesmo, nem ao Cure, nem ela, nem poesia, nem a morte que está esperando, e vai continuar.






Amém!


Ouvindo:

Body Count – Winners loses.
Pearl Jam – Once, Oceans, Better Man.
Pixies – Where is my mind, Wave of Mutilation, Hey, Letter to Memphis.
Deftones – Root, Linus, Simple Man (Lynird Skynird cover), Digital Bath, Change (In the house of files)
Slipknot – Vermilion, pt. 2, Wait and bleed
Stone Temple Pilots – Creep, Big Empty, Trippin’ On a hole in the paper
The Cure – Lullaby, A Forest, Close to me, A night like This, Charlotte Sometimes
Wolfmother – The white unicorn, Love train
Tool – Spasm, Merkaba, Vicarious, Cold and Ugly, Vacant, Push it
Oasis – Be here now, My big mouth, Magic Pie, The girl in the dirty shirt, D’You know what I mean?, Champagne Supernova.
Dominatrix – 14th July ()

segunda-feira, setembro 11, 2006

Vestido de noiva

Algumas coisas nessa vida simplesmente estão fora do nosso controle, nos ultimos anos tive muitas mulheres, muitas paixões, mas nenhuma delas me segurou por muito tempo. Não do tipo de cara que se apega facilmente, pra falar a verdade isso só aconteceu uma ou duas vezes, e eu vou contar pra vocês aqui uma dessas histórias.

Outro dia fui no centro velho, tomar umas com a Lúcia, uma putinha que conheci numa noitada dessas, depois de algumas cervejas e um ou dois rabos-de-galo perguntei a ela se ela tinha algum sonho, algo que ela quisesse viver e que fosse orgulhá-la para sempre, fiz essa pergunta para algumas pessoas ultimamente e recebi respostas diversas, mas a dela foi pra mim a mais sincera, fiquei realmente atônito quando ouvi aquela mina me dizer que o sonho dela era se casar. Na hora me lembrei de que ela já foi casada antes de vir pra São Paulo, como ela me disse uma noite dessas, mas antes que eu pudesse dizer qualquer coisa ela já foi logo emendando "eu não estou falando de ser casada, isso eu dispenso dez vezes, eu tô falando do casamento, o vestido, as fotos, o significado sabe?tenho meu vestido até hoje, na casa da minha mãe em Jequié, assim que eu juntar uma grana e morar num lugar melhorzinho vou buscar ele e deixar no meu quarto, num manequim, só pra poder me lembrar daquele dia, aquele vestido é tudo pra mim, é como se ele falasse pra mim que um dia eu já fui amada, nem que fosse só por um dia, uma mulher pode ter tudo nessa vida, mas ela nunca vai ser completa enquanto ela não tiver um vestido de noiva."

Ela me falou tudo aquilo com os olhos mareados, nunca tinha visto ela assim, nem com três papéis na mente e cinco clientes numa noite eu nunca tinha visto uma mulher daquele jeito, ela era apaixonada por aquele vestido como se fosse a única coisa boa que tinha acontecido na vida dela, e eu realmente não duvido que seja.

Eu tive muitas coisas boas na vida, mesmo decadente aínda tenho um bom carro, umas gatas que gostam de ferver comigo e algumas coisinhas que fui acumulando nos ultimos anos, mas quando eu a ouvi falar daquele vestido me deu uma inveja destruidora, quando entrei na marginal pinheiros para voltar pra casa com aquele Sol gelado de inverno na cara percebi que estava chorando, eu chorava e chorava pra caralho pensando que nessa vida maldita eu nunca tive nada que eu valorisasse e amasse tanto, o pior é saber que esse sentimento já estava vivo dentro de mim a anos, mas só nessa noite ele saiu do armário, e ele veio com tudo. Senti um vazio estranho, uma ânsia de por meu estômago pra fora, chorava e chorava copiosamente até chegar em casa.

Algumas semanas depois eu aínda estava em casa, fraco e febril como não ficava a anos, a lembrança daquela conversa havia aberto meus olhos para um espelho onde o reflexo era opaco e sem vida, sem objetivos, sem conquistas, até que num dia quente e úmido eu estava no sofá vendo Chaves quando toca a campainha, olhei pela janela e tinha uma perua dos Correios, coloquei um hobby e fui atender, cheguei no portão e o carteiro tava com a bunda virada pra mim pegando uma caixa enorme de dentro da perua, antes de eu perguntar ele me disse "aí chefe, lembra quando teve aquela enchente na agência do Piraporinha? Então, resgataram isso de lá pra você, já faz quase dez anos né? Pois é, espero que não seja urgente." Ele estava se enrolando todo para tirar uma caixa enorme da van e isso foi me deixando louco de curiosidade para saber o que tinha lá dentro. "Ó chefe, se tiver estragado alguma coisa você vai precisar ir lá na agência com a mercadoria que a gente resolve o resalciamento... tá aqui, o senhô é Valter Figueira?" assinei as três vias e entrei em casa e nem fechei o portão nem a porta da sala, era uma caixa grande como a de uma tv de 20 polegadas e me sentei de frente pra porta para não precisar perder tempo ligando a luz.

Sentei no sofá e comecei a abrir a caixa, ela aínda estava com cheiro de esgoto, abri primeiro a caixa do Sedex, depois tirei de dentro uma segunda caixa bem bonita, com um laço enorme, quando ví essa caixa comecei a duvidar que ela fosse pra mim. A muito custo abri essa segunda caixa e não sei por que diabo de mágica ela tinha cheiro de perfume, quando fechei os olhos e dei uma fungada bem dada pra tirar a inhaca do cheiro da outra caixa percebi que cheiro era aquele, era uma colônia bem suave, bem coisinha de adolescente, aquele cheiro me lembrava dos tempos do colégio, das menininhas de uniforme, ha há... tempo bom aquele. Terminei de abrir a caixa e lá dentro tinham uns papéis coloridos picados, conféti, coraçõezinhos bem pequenos cortados em papel colorido, bem pequeninos, milhares deles. A essa hora minha mente começou a viajar e espalhei os papeizinhos pela sala toda na ânsia de saber o que havia no fundo da caixa, eu estava implorando por uma resposta com relação à rementente daquilo. Finalmente mais ou menos no meio da caixa eu senti uma coisa, parecia um rolo de papel higiênico de rodoviária, sabe aqueles enormes? Tirei de dentro da caixa e fiquei meio sem jeito com aquele troço enorme, na verdade não era papel higiênico, era sulfite, uma folha colada na outra,finalmente achei a ponta, agora eu saberia quem havia me mandado aquilo, e lá dizia:

"Lembra que há dias eu disse que queria te dizer uma coisa e que precisava ser pessoalmente? Pois é, como não tenho conseguido te encontrar resolvi te escrever, espero que você goste, eu não consegui imaginar forma melhor de te mostrar o que você significa pra mim. Beijos, A. J..

02.10.98."

Fiquei sem reação, e enquanto tentava organizar as idéias o rolo escorregou das minha mãos e começou a rolar, primeiro pela garagem, depois rua abaixo até chegar à próxima esquina uns cinquenta metros adiante. Desci a rua e fui lendo milhares de "eu te amo", poesias dos mais diversos autores e frases de cartão de dia dos namorados nas mais diversas cores, tudo muito bem decorado e pintado, eu não sabia realmente o que pensar quando cheguei ao final da rua e os vizinho omeçaram a me olhar de hobby alí, tentando chegar no final da carta. Cheguei ao final dela e comecei a enrolá-la, agora lendo com mais atenção tudo que estava escrito, eu lia e tentava me lembrar de que poderia ser A. J.. Quando já estava entrando em casa de volta me lembrei, o nome dela era Ana Julia, era uma garota que eu conheci em alguma matinê por aí, ela era linda mas quando você tem 16 anos meninas lindas aparecem a rodo, quando terminei de enrolar a carta me sentei no sofá e comecei a lembrar de quando eu parei de atender as ligações dela, minha mãe ficava louca, me chamava de canalha o tempo todo, nas ultimas vezes que nos falamos lembro que ela dizia que tinha uma coisa muito importante pra me dizer, nunca dei muita bola, pra falar a verdade acho que parei de atender as ligações dela porque achei que ela tentaria me pedir em namoro, e como eu já tinha uma não seria bom arrumar outra, aínda mais do outro lado da cidade, era uma questão de praticidade sabe?

Fiquei me lembrando da Ana Júlia e em poucos minutos estava loucamente apaixonado, pensei em procurá-la, pequei a lista telefônica, depois procurei, Orkut, Google, finalmente encontrei alguma coisa, ela estava bem, continuava muito bonita, então hackeei uma ficha de inscrição dela e consegui achar seu telefone, me sentei ao lado do telefone e respirei fundo, disquei o número, quando o telefone começou a chamar olhei para o lado e ví a carta, fiquei olhando para ela por muito tempo, tempo o suficiente para ela atender o telefone e desligar por eu não ter dito nada, e tempo o suficiente para entender que eu estava apaixonado pela carta e não por ela, assim como a Lúcia era apaixonada pelo vestido de noiva.



Isso é um conto completamente ficcional, ok? Certo, ok. E não me venham falar que é o meu auterégo porque eu nem sei como se escreve isso.

quarta-feira, setembro 06, 2006

Muito tempo sem escrever, muito tempo!! Nesse tempo a vida tem sido bem intensa, várias fita ao mesmo tempo, varios corre pra fazer.

Muita coisa vem acontecendo, no tempo certo eu vou colocando as coisas aqui, tudo ao seu tempo, mas sei que esse vai ser um tempo de mudanças na minha vida, um tempo como poucas vezes eu tive, e que eu espero, que dessa vez dê tudo certo como das outras e que as coisas mudem pra melhor.

São muitas coisas ao mesmo tempo remoendo na minha cabeça, mas a principal delas é a ansiedade, não sei em relação a quê, mas suspeito que seja em relação a viver.

domingo, julho 02, 2006

Eu e ela

Mais uma vez eu entrava naquele carro, aquele Corsa vinho e sujo, sempre sujo, por dentro ele cheirava a maconha, era impregnado, mas eu fingia que não conhecia o cheiro e de vez em quando eu perguntava pra ele que cheiro era aquele, e ele como sempre dizia "sei lá, acho que vou mandar aspirar o carro, já tá com esse cheiro estranho de novo". Eu achava engraçado, até meio charmoso quando tentava me enganar assim, pelo menos quando eram assuntos idiotas como esse.Entrei e ele logo me beijou o nariz, como era de costume... Ele era realmente bem... Carinhoso"

-Então querida, pra onde vamos hoje?
-Não sei, você não tem nada pra sugerir?
-Sei lá, vamos tomar uma breja no Serginho, lá a gente decide.
-Você sabe que eu não gosto daquele lugar, mas fazer o que, todos os nossos amigos freqüentam aquela merda...

E era verdade, eu odiava aquele lugar, um buteco sujo e pequeno, cheio de pessoas mal encaradas e drogadas, eu não sabia como alguém podia ficar a vontade num lugar daqueles, mas a parte de todos os nossos amigos freqüentarem o lugar também era verdade e por isso nos sempre acabávamos lá, mais cedo ou mais tarde. Estacionamos o carro na esquina seguinte, ele sempre dizia que era mais seguro.

Fomos para o bar e logo encontramos parte da turma, Brunão, Erika, André, Thais, Fernanda, até o Alemão estava lá aquele dia; nos sentamos e começamos a conversar, os papos de sempre, quem pegou quem, quem terminou com quem, quem perdeu o emprego, quem tinha voltado pra farinha, só depois de uns vinte minutos foi que eu notei que havia uma guria no balcão do bar, uma guria muito bonita sentada sozinha, uma oriental de cabelos cacheados e um top de vinil mínimo, ela era alta e magra e ficava girando as pedras de gelo do copo com o indicador, ela parecia muito triste, desolada mesmo, ali, olhando pro líquido no copo, não conseguia tirar os olhos dela mas de repente meu cinto encolheu e fui ao banheiro.

Enquanto me libertava da cerveja naquele banheiro imundo eu ouvi a porta se abrir, logo depois que a porta parou de mexer (já que seria impossível ouvir um caminhão entrar no banheiro com o barulho daquela porta) ouvi um gemido, como se fosse alguém chorando, soluçando, não dava pra ouvir direito. Terminei o que tinha começado e abri a porta do box, era a guria do balcão, com o copo em mãos, ela deixou o copo na pia e passou um pouco de agua na nuca, depois no rosto então me viu pelo reflexo do espelho quebrado, lambeu os próprios lábios, deu uma piscadela e saiu, deixando o copo. Fiquei intrigada com aquilo, porque será que ela lambeu os beiços quando me olhou, será que ela me conhece ou o que? Fiquei me perguntando enquanto lavava as mãos, terminei, sequei...

Fiquei me olhando no espelho por alguns segundos apesar de aqueles momentos me pareceram intermináveis ali, peguei o copo dela e cheirei, parecia vodka boa, experimentei, não sou uma especialista, mas eu tinha certeza de que aquilo não era qualquer coisa, o bar era imundo mas se tinha alguma coisa lá que prestava era a bebida, o que me leva à conclusão de que ela freqüenta o bar sempre. Quis conhecê-la, quis saber quem era aquela pessoa e porque estava tão triste... Então o fiz, peguei o copo e voltei para o bar. Lá a encontrei, ainda sozinha, sentei-me ao lado dela...

- Tá aqui a tua vodka, tu esqueceu no banheiro.
- Valeu, quer uma?
- Me perguntou ela com um olhar extremamente insinuante.
- Não obrigada, você me parece um tanto triste, o que aconteceu contigo? - Respondi tentando parecer imune aos olhares dela.
- Nada demais, digamos que é falta de sexo. - Disse ela com um sorriso malicioso
- Você deve saber como é.
- Eu sei que se o problema é esse eu não sou a pessoa mais indicada pra resolver. - Respondi já enfezada.
- Quem disse? - Respondeu ela com um olhar matador.

Fiquei encabulada, nunca tinha sido xavecada por uma guria assim, tão na cara larga, não sabia o que dizer. Apesar da vergonha eu me senti lisonjeada, ela era linda, e apesar da cara triste o rosto dela era radiante como uma perola, mas meio azulada, pelo reflexo do neon do puteiro em frente ao bar, ela era realmente muito atraente..."

- Bem, eu eu eeee eeu...
- Não precisa me dizer nada, é seu namorado não é? - E ela aponta com os olhos.
- É sim, mas você não está pensando em...
- Você não gostaria? - Me pergunta ela com aquele olhar novamente.
- Mas ele é meu...
- Eu sei, e você dele. Não perguntei isso, perguntei apenas se você gostaria. E então?
- Não sei, você é tão bonita, e eee... Se... - Xeque-mate, eu estava perdida, totalmente tentada, no entanto o que ela estava me propondo era inaceitável.
- Não precisa ter medo, não quero ele pra mim, pode ficar com ele depois, eu tô caindo fora amanhã, vocês nunca mais vão me ver.
- Pra onde você vai? - Perguntei num misto de alívio e desespero.
- Pra longe, muito longe... - Responde ela com seu olhar seguro e sedutor.
-Pode parar, eu não disse que aceitaria, eu não disse que... - É exatamente o que vocês estão pensando, dizendo isso eu acabei de aceitar.
-Mas você vai me dizer que você não quer isso, ele não te satisfaz e pelo jeito que você está me olhando você sabe que eu posso te satisfazer, e eu posso!

Quando ela disse isso me arrepiei toda, como ela podia ver o que eu estava pensando, eu estava tirando a roupa dela dentro de mim, mas ela não poderia perceber, não tinha como... a segurança dela em dizer que eu já estava seduzida era ao mesmo tempo irritante e certeira, comecei a pensar em como tinha sido quando fiquei com uma amiga uns anos atrás, queria saber se seria igual, eu não tinha tempo nem estomago pra lembrar mas era obvio pra mim que não seria a mesma coisa, só de olhar pra ela eu estava ficando molhada, eu suava só ao ver seus lábios, não conseguia tirar os olhos da boca daquela guria... eu estava entrando num buraco sem fundo...

- Tá bom, você acha que pode me satisfazer então, mas como você faria isso? - "Ta no inferno abraça o capeta", não é isso?
- Vem aqui que eu conto no teu ouvido.
- Ok.
- (...)
- Você não pode estar falando sério?
- Disse eu segurando pra não gemer no meio do bar."
- Isso é só o começo lindinha, digamos que essa vida me ensinou muitas coisas mais.
- Caralh... Não sei... - Eu sabia.
- O que você tem a perder, pode ser bom pra ti, encontrar um pouco de vida depois de um relacionamento longo.
- Como vc sabe que é um relacionamento longo.
- Se não fosse ele não te deixaria sozinha tanto tempo falando com uma estranha.
- E ela tinha razão, no início do meu namoro com o Paulo ele nunca me deixaria tanto tempo longe, falando com uma pessoa estranha.
- Ok, mas deixa eu falar com ele a sós, espera lá fora, ok?
- Tudo bem, não é para os amigos me notarem né, to na esquina, ali adiante.

Voltei para o banheiro, me olhava no espelho pensando no que eu acabara de fazer... "o que eu fiz, não acredito... mas ela é tão linda, eu estou tão... foda-se, vou me divertir um pouco hoje."Então voltei pra mesa, cheguei pro Paulo e disse discretamente que tinha uma guria lá querendo transar com ele, ele olhou e só conseguiu vê-la indo embora... ele me olhou desconfiado, com razão, pois a essa altura já teria batido nos dois, e eu disse:

- A coisa é simples, ela disse que queria ficar contigo, eu disse que queria ficar com ela e propus que nós ficássemos os três juntos, o que você acha? - Esbravejei na cara dele me segurando pra não rir.
- Mas e o que você acha? - Perguntou ele se encolhendo de medo.
- Não sei, ela disse que está indo pro exterior amanhã e que esta seria uma última extravagância dela antes de ir, você sempre disse pros caras no bar que gostaria de ter duas mulheres ao mesmo tempo, então eu só liguei os pontinhos, e aí, o que você acha? - Eu detesto mentir, mas tive que falar isso porque sei que ele nunca aceitaria o fato de que ele não me satisfaz, além disso, eu ganho algumas milhas com esses... pequenos favores.
- Ok, mas onde ela foi?
- Ela ta esperando a gente perto do carro.

Então saímos, nos despedimos do pessoal, que por sinal já estava com aquelas fofoquinhas de "olha ela dando vexame de novo", e fomos. Ela (aí que me toquei de que nem o nome dela eu sabia) nos esperava encostada no carro, como se ela soubesse qual era o carro dele. Eles se cumprimentaram com um beijo no rosto e um "olá", ele parecia muito nervoso com a situação toda."

Entramos no carro, o Paulo dirigindo, eu no carona e "ela" atrás. O Paulo ligou o carro e perguntou "pra onde?", ele estava realmente muito nervoso, deixou o carro morrer e tudo. Ela tirou o boné dele e disse ao pé do ouvido "vamos pra minha casa, deixa que eu te guio". Me deu uma vontade louca de desistir de tudo quando vi aquilo, mas ela antes mesmo de terminar de falar me olhou e deu uma piscadela, como quem diz "está tudo sob controle".À medida que o tempo e as avenidas iam passando o carro parecia cada vez mais silencioso, me lembrei do carro do meu pai depois que ele e minha mãe brigavam, era aquele mesmo silêncio profundo e torturante onde todos estavam invariavelmente tentando descobrir o que o outro estava pensando, aquela era uma sensação terrível, aquele silêncio parecia intransponível, e ele não se findava de forma alguma e ficava rondando minha noite, tentando trazer o fracasso junto com ele.

Enfim chegamos, era um flat muito bem localizado e bonito, entramos na garagem e "ela" nos guiou, ainda em silêncio até o elevador, como já estávamos devidamente trajados com nossas "caras de elevador" não foi necessário esforço algum, até que "ela" colocou minha mão na virilha do Paulo, nos olhamos por uma fração de segundos até entender tudo, em seguida ela se pôs atrás do Paulo e puxou minha outra mão até seu seio, colecei a beijar o pescoço do Paulo à procura do rosto dela que logo encontrei, então a olhando nos olhos eu beijei-a, beijo aquele que me tirou do corpo e mergulhou meus seis sentidos numa piscina de seda, dali em diante eu seria incapaz de descrever o que se passou, quer dizer, descrever com lucidez, pois esta não fazia mais parte de mim, como descobri naquele instante que eu nunca quis que fizesse, pelo menos não durante um beijo. Senti-me livre de corpo, alma e seja lá o que for que habita meu estomago, pois este parecia cheio de asas graciosas a acarinhá-lo, meu corpo que recebia acalorados e às vezes brutos toques parecia flutuar, abria os olhos e via aquele rosto angelical e suave a me beijar e chegava a duvidar de que aquela sensação pudesse ser natural, os cheiros e as mãos se entrelaçavam como...

- Dimdom, décimo sétimo andar, subindo.- Decretou o elevador antes de abrir as portas.

Imagine-se levando um chute nos seios às quatro da manhã em pleno sono, pois foi o que fez o elevador comigo. Nos endireitamos, "ela" soltou um pequeno pigarro e um sorriso enquanto pegava as chaves do apartamento, entramos, eu meio sem jeito, o apartamento era lindo, muito sóbrio, linhas retas, muito preto, branco, alguns detalhes em lilás e vermelho pompeano, realmente espetacular, ela mandou nos sentarmos enquanto ela pegava uns drinques em outro cômodo, fiquei de pé sacando o lugar, o Paulo chamou minha atenção para o que estava sobre a mesa de centro, era um montinho de pó, só podia ser coca, enquanto m inclinava para ver ela veio do outro cômodo já dizendo:

- Vocês querem? Sirvam-se.
- Eu não cheiro.
- Disse, ainda assustada com a quantidade.
- Eu sei que não, não quer experimentar? - Disse ela com uma sequidão que eu não havia esperimentado durante toda a noite.
- Eu passo, quer Paulo?
- Eu prefiro uma vodka. - Disse ele com a naturalidade e o sorriso idiota típicos de um homem que acabou de dar uns amassos.

Então ela o serviu e depois veio em minha direção com um olhar estranho, ela parecia com raiva, ressentimento talvez, fiquei assustada, mas quando pensei em me esquivar daquele olhar ela, como que num único movimento, largou os copos que segurava e pulou sobre mim deslizando nós duas sobre o sofá, então me beijou furiosamente, me agarrando pelos cabelos, me machucando. Fiquei muito assustada, a pele dela estava fria e tive uma reação de repulsa no mesmo instante, porém não tive forças para tirá-la de cima de mim, fiquei lá a beijando sem querer estar ali, ela começou a me tocar mas eu não estava à vontade, quis tirá-la de cima, quis chorar, olhava para o Paulo que assistia a tudo passivamente, como quem espera a sua deixa, o olhar dela não era mais doce como antes, era raivoso e obstinado, quase obcecado, ela começou a tirar minha roupa e eu não conseguia impedi-la, até ajudava quando me sobrava espaço para me mexer, senti medo, muito medo, estava me sentindo violada, ela parecia cada vez mais irritada até que ela deu um soco na mesinha de vidro estilhaçando-a completamente.

Ficamos nos olhando, olhos nos olhos por alguns instantes enquanto a nuvem de pó baixava, ela estava ofegante e ainda com aquele olhar raivoso no rosto, até que comecei a chorar e não consegui mais disfarçar minha cara de pânico, continuamos nos olhando por mais uma fração de segundos até que eu corri em direção ao banheiro e ela foi atrás de mim, tranquei-a do lado de fora, ela bateu um pouco na porta e depois parou. Me olhei no espelho pensando no que aquela noite havia se tornado, eu chorava copiosamente e me sentei à borda da banheira, não demorou até eu ouvir o barulho do miolo da chave girando, queria desesperadamente me esconder e me sentei dentro da banheira, quando a porta se abriu vi pela fresta o Paulo abrindo a porta com ela pendurada em sua perna chorando, então ele a empurrou contra a parede, entrou no banheiro e nos trancou lá dentro com as duas chaves.

Ele não demorou a me achar encolhida dentro da banheira e dizer:

- Viu que ótima idéia foi a sua? Vamos embora logo antes que você tenha outra idéia genial! - Esbravejou ele.

Enquanto ele berrava aquelas coisas com tanta dureza, só ficava pensando em como ela estaria lá fora, vi o quanto ela chorava tentando segurar o Paulo e vi também que ele a jogou contra a parede com toda a força, só pensava se ela não estaria machucada e comecei a chorar novamente, mas desta vez preocupada com ela, e quando vi o Paulo gritando comigo e cuspindo toda a frustração dele em mim, como ele sempre o fazia eu disse:

- Vá embora!
- O que, como assim?
- Eu só quero que você vá embora e me deixe aqui com ela.
- Você está louca! - Gritou ele.
- Não, eu só quero falar com ela. - Disse eu, em prantos.
- Quer saber, não vou mais correr atrás de você, das suas criancices, faça o que bem entender. - Gritou ele antes de sair do banheiro e do apartamento gritando e chutando tudo que encontrava pela frente.

Permaneci sentada dentro da banheira por mais alguns minutos, me recompondo do que acabara de decidir. De onde estava só conseguia ver os pés dela tremendo e se arrastando no compulsivamente, me levantei e fui na direção dela, ao sair do banheiro a vi deitada no chão, com um machucado no ombro, chorando muito, ajudei-a a se levantar, não perguntei nada, apenas levantei-a do chão e levei para o quarto, sentei-a na cama e tirei suas roupas com todo o cuidado, fui até as gavetas e peguei uma camiseta longa e surrada, ela fez que diria alguma coisa mas mantive seus lábios fechados com os meus, assim como faço até hoje.

sexta-feira, junho 09, 2006

O pé de pano.

Essa vida de pé de pano é muito cansativa, só o que faço o dia todo é ler e comer, ver televisão, fuçar na internet e tentar coçar por baixo do gesso, vida de merda mesmo!!!!

Pra quem não sabe eu desci de um ônibus com mias pressa do que deveria há duas semanas e desde então estou impedido de andar, é isso aí, não posso andar, simples assim. Segundo o Dr. Nakama (isso não é uma piada) eu rompi "alguns" ligamentos (é, eu também adoro médicos sérios e competentes) do pé direito e seria sensato que eu não o utilizasse por alguns dias, simpático né!?

Agora eu tô aqui, nesse fim de mundo que eu chamo carinhosamente de casa da mamãe pra me recuperar, daí pensei que seria muita sacanagem não postar no blog nem estando impossibilitado de fazer qualquer coisa que... sacaram já, não preciso soletrar né?

Os dias estão se arrastando, e eu também, literalmente. É estranho ficar sem fazer nada tanto tempo, o pior é que tenho o que fazer, mesmo sem poder andar, mas não me animo a fazer, isso é o mais foda.

Prometo que eutra hora eu escrevo um post que presta, mas agora me deu sono.

Tchau crianças.

quarta-feira, março 01, 2006

Hoje as coisas voltaram ao normal... os demônios me deixaram em paz por um dia, depois de algumas horas conversando com minha mulher cheguei à conclusão de que sou mesmo um cretino paranóico e que o mundo não é assim um lugar tão ruim para se viver. Meu amigo Sandro também me deu uma força e me abriu os olhos para que eu consiga ir para onde quero, pois são poucas as pessoas que estão onde quero estar, mas duvido que hajam muitas com a mesma vontade de estar lá quanto eu.

that's all folks.

segunda-feira, fevereiro 27, 2006

FEVEREIRO

Pois é, passou o meu aniversário, passou fevereiro, ou quase, e agora posso voltar a escrever, não quis escerver durante esses dias conturbados de fevereiro porque fico muito inquieto, sem paz mesmo, e apesar de ter a sensibilidade de um Bisão no cio consigo perceber que não falo coisa com coisa nesse mês, mês este que prefiro não adjetivar pois as sensações são tantas nessa época que acabo por não saber o que sentir, e logo, o que falar sobre ele.

Muitas coisas aconteceram por esses tempos, no dia em que escrevi da última vez foi meu último dia de férias, de la pra cá meu estomago voltou ao seu trabalho mal feito de novo, há cerca de vinte dias que ele anda trabalhando porcamente, pressões diversas no trabalho, a volta da faculdade (por enquanto só das festas solitárias, mas voltou), idéias de fuga e desistência passam pela minha minha cabeça diariamente, a idéia de não ganhar o suficiente para terminar o mês vem me perseguindo faz algum tempo, e isso é muito perturbador quando se ganha mais do que nunca na vida e mesmo assim não posso me sentar e relaxar sem tremer quando o telefone toca, estou quase rifando o meu lugar no céu, a sorte é que não me aparece uma alma maculada para me propor um belo trambique, pois é bem verdade que facilmente eu aceitaria.

Agora nesta segunda de carnaval, em casa com a Paula ouvindo Robert Johnson e escrevendo um pouquinho só para não enferrujar, minha cabeça não para quieta, não consigo pensar em algo que em realmente queira para minha vida, este é um daqueles momentos na vida em que só sei que devo continuar, keep rolling and rolling, pois logo algo vai aparecer, afinal isso é esperança, ou não?

É estranho sentir a vida acabar no seu corpo, respirar anda difícil mas mesmo assim não consigo parar de fumar e nem mesmo consigo sair dessa porra de cidade poluída, planejo o contrário disso inclusive, pois venho me enfiando cada vez mais nela e talvez até definitivamente.

Confiança é algo que sempre tive em demasia, ultimamente a conciência desse meu exagero generoso em confiar nas pessoas tem me mostrado um lado da minha pensonalidade que das duas uma, ou não existia ou era ele quem me causava minhas interminaveis coceiras. Ando paranóico, de ciúmes, desconfiança, um inquietude que não sei de onde veio, e que espero sinceramente que seja uma fevereirice, mas isso vem me tomando com requintes de ira e descontrole agressivo que eu não havia nunca antes esperimentado, é como um se eu estivesse sob controle de demônios que se alojaram entre as minhas orelhas. Estas sensações não deveriam existir, pois elas criam fatos e desmentem tudo que é dito, são as mentiras do demônio atravessando todos os filtros de sanidade e bom censo, diariamente, pensar na última festa, na última viagem, no último scrap, na última ligação, o demônio te faz sentir-se como o último idiota, o último imbecil a saber sobre qualquer coisa, qualquer coisa, como o Cemil da novela, sob o domínio do mal você se torna fraco e mesmo as vitórias se tornam derrotas, tudo de bom nessa vida se torna como um golpe de sorte, não existe talento ou habilidade, só sorte... de vez em quando.

Só vejo motivos para não querer estar nesse mundo, porque o melhor que tenho é também o que me dá mais dor de cabeça, ter que estar alerta 24 horas por dia feito um cão de guarda não é pra mim, sou egoísta demais para saber que posso ser passado pra trás a qualquer momento, e nessa vida as coisas funcionam exatamente dessa maneira, o que não sognifica que eu preciso me acostumar com essa idéia.

domingo, janeiro 22, 2006

“Puta calor da porra” pensei comigo quando desci do ônibus em frente ao shopping, não me lembro a quanto tempo não entrava naquele lugar, a zona sul de São Paulo tem algumas coisas estranhas, uma delas é o calor, em alguns lugares da ZS sempre faz calor, e aquele shopping é um desses lugares, shopping Interlagos, as pessoas parecem ser sempre as mesmas, pra quem leu o que eu disse sobre os trens municipais vai entender o que estou falando, a massa quente de uma virada de bode em uns 4000 metros quadrados. Me sentei em frente à C&A, um dos pontos de encontro mais freqüentados da minha infância, me sentei e acendi um cigarro enquanto observava a massa passando, como tem gente na zona sul, é muita gente mesmo. Depois de alguns minutos chega meu graande amigo Júnior, que eu não viu a vários longos meses, entramos no shopping, o calor aumentava a cada passo, aquele lugar é realmente infernal, e como é! Fomos para a Ilha do Chop, que eu sempre via mas nunca antes deste dia havia usufruido dos serviços, provavelmente por ser jovem demais pra isso nos meus tempos de au passant naquele lugar, conversamos muito, sobre muitas coisas, Curitiba, ex-pessoas, atuais pessoas, viagens, sexualidade, moda, ZS versus ZO, transporte público e mais uma gama tão larga de assuntos que deixariam esse texto enorme e entediante, ao contrário da conversa que sempre é ótima quando estou com ele.

Depois de alguns chopes e cigarros fomos ao Burger King, e que beleza de lugar, que beleza de comida, Uau! Quando estávamos lá o Júnior foi convidado a comparecer ao Bocage, e depois de alguns protestos por parte dele próprio acabamos resolvendo dar uma passada na esquina mais movimentada das tardes dos Jardins.

Um ônibus e dois metrôs depois e estávamos lá, cercados pela alegria e descontração gay da cidade, o Júnior parecia um celebridade, não dávamos dois passos sem um “oi querida, como vai!?!?!?!? Ficamos lá por cerca de uma hora e meia, ouvindo estórias sobre baladas GLS, saunas gay, puteiros, traições, mágoas, trocas de casais, mais mágoas, cortes profundos, mais traições, diversão, drogas, sexo, álcool, ou seja, uma aula sobre a noite na Downtown paulistana, eu só queria estar com um bloco de notas ou um gravador, Uau!

De lá deixei o Júnior no metrô e corri Teodoro abaixo, ou acima, depende do referencial. Cheguei ofegante ao 648 e depois de uma ligação me aparece um sorriso de olhos vermelhos chamado Paula, não que eu a chame assim, mas isso é coisa nossa. Continuei descendo/subindo a Teodoro com minha senhora até a Henrique Schaumann para ela jantar, havia muito a ser feito naquela noite e também no dia seguinte e precisávamos de algo rápido, ela escolheu o Big X Picanha e saltamos até lá, um Milk Shake de morango, alguns beijos e palavras doces depois e tive que devolve-la à labuta, onde a sra. Krulik a esperava com seu vinho, cigarros e seu charmoso sotaque para uma madrugada imersa em fotografias e portfólios para mais uma tour.

Deixei-a na porta do prédio e subi/desci novamente a Teodoro, a noite estava quente e eu estava inquieto, não sei bem o porque até agora, mas estava. Andei pelas ruas escuras dos Jardins até a Paulista, ao chegar lá as luzes e as pessoas na rua me acalmaram, voltei a andar com calma, observando cada detalhe, cada alma perdida na noite da Paulista, noite que mesmo sem um mar e sem muitas estrelas encobertas pela densa poluição é pra mim uma das mais lindas que poderiam existir. Entrei na Augusta, como de praxe, descia a rua seguro, os gritos, olhares, assovios e mãos que estavam à minha volta nada me causavam, as luzes sibilantes dos apartamentos e dos luminosos pela rua eram as estrelas que faltavam nos céus, eram a luz que me mantinha à salvo de qualquer mal, eu estava confiante, com passos seguros e clareza de idéias, essa noite eu me sentia bem, o calor da noite me confortava e eu estava certo de que lugar para voltar não me faltaria, pois quem estava ao meu lado era confiável, totalmente, me senti completo, pleno, e a noite solitária só poderia viria a corroborar com isso.

Segui até Aloca, um club GLS dos mais tradicionais da cidade, porém para um club GLS ser tradicional tem uma conotação muito particular. Resolvi entrar, logo na entrada fui recepcionado por uma Drag Queen enorme que me pediu o RG, entrei e o lugar era quente, quente, talvez mais que o shopping que havia ido mais cedo, eu transpirava como louco cercado por estivadores sem camisa, garotas de boné cara de mau, guris de piercing no lábio e franjas ensebadas entre outras figurinhas que já me são conhecidas de longa data. Logo que caí pra pista encontrei meu querido amigo Sodoma com seu fiel companheiro Sérgio, fui recepcionado aos tapas e sorrisos, o que me lembrou do adiantado da hora e provavelmente também do nível alcoólico dos garotos, olho para as pic-ups e lá está o Rodrigo, um querido amigo dos meus tempos de acíduo freqüentador da casa, ele pulava e se divertia tocando Débora Blando para a pista enlouquecida. Eu tentava dançar mas estava completamente cercado de corpos exalando álcool e sexo, nada que eu não conhecesse, algumas vezes inclusive na pele, naquele mesmo lugar, mas aquilo não me excitava, e naquele momento até me incomodava, fiquei apreensivo pois fechava os olhos e sentia claramente vários percorrendo o meu corpo, como mãos, abria os olhos e os via mais perto do que eu gostaria, então olhava para o chão e via os pés à minha volta se virarem de frente pra mim, eu me virava e em segundos os pés dançantes que me cercavam estavam como setas apontados pra mim, aquilo me invadia, as bocas trêmulas e as mãos ansiosas à minha volta me deram bons motivos para não querer voltar mais lá, pelo menos não aos domingos, o que é uma pena pois esta foi por algum tempo minha noite preferida para ir àquela casa azul.
Me joguei pra fora de lá assim que pude e voltei a andar, andei até uma lan house onde fiquei por horas vendo e-mails, escrevendo e vendo pornografia, o que não é lá muito nobre mas me diverte, se é que esta é a palavra mais adequada. De lá voltei a andar até o dia amanhecer, o que assisti da nove de julho, enquanto assistia a uma batida da polícia que prendia uma família que havia invadido uma casa abandonada para morar.

sexta-feira, janeiro 13, 2006

Puta que pariu, é sexta-feira 13!!!!!!!!!!!

era só isso, queria gritar isso.


Abraços e feliz ano novo.

quinta-feira, janeiro 12, 2006

Drunken Hearted Man

No final das contas acho que tudo se resume a um único exercício, um exercício de escolha entre prazer e dor. Fugir da própria dor, buscar o prazer sem fim, sem limites, mesmo que este esteja na dor do outro, a dor do outro é outra coisa, não é dor. Ela só é dor quando a lágima é derramada no teu colo, o tapa é na tua face, o sangue é no teu vidro.

Se importar com a dor alheia é um exercício também, porque não. Este é um caminho sem volta, a dor sentida na carne, a lâmina fina da dor rasgando a carne, depois que o sangue escorre o que resta é assistir e passar um anti-séptico, não existe punição que cegue a dor, ensurdeça o sofrimento de quem foi ferido, quando a mancha na calçada se faz real e os olhos se enchem de lágrimas não há mais remédio, a vergonha se eterniza numa cicatriz sem mascaras, a bênção de uma marca recebida não pode ser negada, compartilha-la é multiplica-la, nunca a cura.

O carinho da pele macia do vingador, o olhar louvado do perdão só te leva pra dentro da chama do inferno viciante, interminável, a consciência de fazer parte de um ciclo de prazer e dor é como uma agulha envolta por carne e recheada de heroína, sapientiae é promessa, daí pra frente são hormônios e neurônios, um estalo e a coisa toda se processa sem fim, a estrada corre frenética sob os seus pés e você só vai querer não estar lá, e mesmo que você não estivesse, o veneno vai te invadir pois este é o jogo, o fim do tédio torturante se dá na mentira, na intriga, na verdade que insulta, na distância insistente e na aceitação preguiçosa.

Quando ouço seus passos subindo as escadas me lembro da prece que não fiz ontem antes de dormir e mordo o lábio numa punição tardia pela distração, não é falta de fé, talvez sim de hábito, mas seus calcanhares agredindo o assoalho parecem estar sobre minhas vísceras enquanto me encolho para me esconder de meus próprios arrepios ante a severa punição de que sou merecedor, pois sim, a mereço por não ouvir as coerentes vozes que me alertaram sobre o que me seria de destino caso minha busca por satisfação fosse para além do que o imposto pela mão vingativa dor, pois esta sim seria definitiva e me buscaria no mais recôndito e úmido buraco.

E esta vergonha indolente, intransigente que me persegue até no mais profundo mergulho teve força suficiente pra me manter díspar, e esse amor que me faz tão bem me tem dado forças para vencer uma natureza maculada e animal, natureza essa que me mantém a todo momento nessa pugna desigual e funesta entre dor e prazer.

Ouvindo:

Deftones - Boys republic, Simple Man
Dominatrix - July 14th
Robert Johnson - Drunken Hearted Man, Me and the devil blues
Ray Charles - Alone in this city, I love you I love you, Can't you see darling
Patsy Cline - I've loved and lost again
Hateen - Big Life
Gladys Knight & the Pips - Letter full of tears
Green Day - Boulevard of broken dreams
Armandinho - Desenho de Deus