sexta-feira, setembro 17, 2010

What ever happened in new york?

Nova Iorque sempre esteve nos meus objetivos, ok, talvez nem sempre em objetivos específicos ou realmente em planos dos mais concretos e factíveis, mas mesmo depois de descobrir que o "Curtindo a vida adoidado" foi rodado em Chicago, depois da paranóia pós onze de setembro e de saber que a Scarlett Johanson tá casada, mesmo assim, NY é o lugar, pra mim. Claro que meus desejos relativos à big apple são todos imaginários e baseados em filmes, discos, quadros, fotos, seriados e personagens, mas considerando minha última visita a uma cidade mítica, o Rio, tenho certeza de que seria praticamente impossível me decepcionar com a terra da Carrie Bradshaw, do Woody Allen, do Sonic Youth, dos Beastie Boys, do Robert de niro, dos Friends, do Duke Ellington, do Frank Sinatra, do Harvey Keitel, do Lou Reed, isso sem falar no Spike Lee, na Yoko Ono entre tantos outros que vivem lá... e essa lista não acaba nunca, a terra da liberdade (humpf) está cheia de gente produzindo coisas, criando, vivendo numa muvuca que eu adoraria participar.

Gosto de cidades grandes, casa cheia, multidões, gosto de ver as coisas pegando fogo, acho que é por isso que gosto de NY, muita gente, muita coisa acontecendo. Nas últimas semanas venho assistindo a uma overdose de Sex and the City, que confesso, é uma das minhas séries favoritas, o que não seria dificil de se imaginar pois a personagem principal é uma escritora, o grosso da ação rola à noite, o mote da parada são relacionamentos, dos mais profundos até os meramente sexuais, a produção é de um bom gosto invejável para locações, roupas e tudo o mais, os roteiros são bem amarrados e as histórias tão bem contadas que as personagens acabam por parecer pessoas reais, e o melhor de tudo, a série mostra NY em ângulos maravilhosos, bares incríveis, galerias de arte fodas, baladas lendárias, cafés charmosos, ruas charmosas e claro, mulheres maravilhosas, belas, maníacas, com bom gosto e mente aberta, o que por mais ficcional que seja a série não vejo como ser um exagero assim tão grande. E aínda com o agravante que lá não existem esses bloquinhos portugueses nas calçadas, o que viabiliza os saltos agulha pela cidade toda, o que espetacular.

Estamos sempre buscando algo além de nossos limites ou a vida numa cidade realmente tem limites emocionais? #carrieon

Moro em São Paulo faz 22 anos, desde garoto sempre tive uma ansia enorme por conhecer tudo por aqui, os melhores e os piores bares, as principais ruas e avenidas, as lojas, os shoppings, os cinemas, os teatros, as galerias, os tipos, os mendigos, as putas, as estações de metro, os atalhos, as bocas, as vistas, as janelas, os museus, as mulheres, os parques, os problemas, os lugares onde não ir, eu queria tudo e depois de explorar como um kamikase eu estou ficando farto. Claro que não dá pra dizer que não tem o que se ver, o que fazer nem nada assim, sempre há, se você pega o metrô todo dia no mesmo horário a possibilidade de você reconhecer mais de duas ou três pessoas no seu vagão depois de um ano é remota, eu diria que é quase impossível, mas já trabalhei na Paulista, tanto no Paraíso quanto na Consolação, no centro, na Berrini, no Itaim, na Vila Madalena, na Vila Mariana, no Brooklin, no Butantã, na Lapa, agora estou em Pinheiros, de novo, depois de uns sete anos desde a última vez. Também já morei na zona sul quase toda, de Parelheiros ao Brooklin foram pelo menos cinco ou seis lugares, na oeste mais uns cinco, namorei mulheres dos dois lados da Paulista, de todos os lados da zona sul, da leste, norte, Osasco, ABC. As vezes, em dias de azar, tenho certeza de que posso ser atropelado ou receber uma garrafada de qualquer uma delas, em qualquer lugar.

Ai que entra NY, lá é o lugar perfeito pra começar uma vida nova, ninguém mais quer ir para os EUA e lá os poucos que eu conheço sabem muito pouco sobre quem eu fui e quem eu sou, seria um começar do zero, ganhando em dollar e numa cidade onde cada um veio de um lugar.

"Admita, seu problema é com a sua vida e não com São Paulo" diria um filho da puta qualquer. Mas esse é o lance, longe daqui eu não preciso admitir porra nenhuma! E eu adoro a minha vida, mas aqui e agora tem pouco que eu possa fazer aqui, tô muito manjado já, eu preciso de ar novo, ninguém aguenta mais olhar pra minha cara aqui, quando mais de três pessoas querem ver sua caveira num lugar é porque você não tá agradando, e eu acho que falo muita merda ou fiz muita merda ou fui feliz demais pras pessoas me admitirem aqui, então o negócio é pegar minha nega, minha mochila e sair loco, cutucar calçadas novas.

Mas proque NY? você me pergunta, e a resposta é simples, porque lá é o topo do mundo, o centro, aínda hoje e mesmo depois de perder algo do charme dos anos 30 com o jazz fervendo ou dos anos 80 com o hip-hop atravessando a ponte, mas é lá que as coisas acontecem, e como bom megalomaníaco que sou eu sei que preciso ver o mundo do topo, do centro, pra a partir daí começar realmente meu caminho, seja pra plantar bicho da seda em minas ou pra escrever romances sobre São Paulo ou sobre Atibaia, não importa, o lance é que eu preciso ver as coisas de lá, viver a vida no limite, podendo ser explodido a qualquer momento, ganhando boas gorjetas e esperar pela chance que pode surgir numa fila de cinema atrás do Woody Allen ou numa conversa de bar onde o editor da New Yorker vai estar na mesa do lado e vai querer uma coluna minha lá, posso descarregar peixes congelados no cais do porto ou ser garçon no Queens, mas quero ver qual é a do pico, porque São Paulo tá começando a ficar pequena e isso é entristecedor por um lado, mas por outro me mostra que preciso buscar meu caminho, e meu caminho é o caminho e não um lugar, meu lugar é a estrada e não adianta lutar contra isso, e nessa estrada a próxima parada é New York.

Ouvindo: http://listen.grooveshark.com/#/playlist/NY1/35777527

quarta-feira, setembro 15, 2010

Live in Rio

Já era uma da manhã quando resolvi “vou tomar um banho e vou”. Devia ter ido 28 horas antes ao menos, não dava pra adiar mais, precisava chegar ao Rio.

Uma ducha rápida e é hora de contar as baixas, o calcanhar inchado, um pêlo encravado que prometia delírios inimagináveis de dor, a dor nas costas de sempre e o torpor de quase dois dias de cativeiro. Mas essa era uma missão de exploração urbana, já que a meteorologia prometia um final de semana paulistano úmido na terra do Sol, era claro o que me esperava, e eu estava ansioso a conhecer as noites escuras da cidade mãe do pecado, da samba, do Nelson, do Tom, das curvas, da malandragem e de introduções intermináveis que nunca serão suficientes para descrever a cidade mais linda do mundo, pelo que o pessoal de lá fala.

Largo do Glicério, avenida do Estado, Tietê. Um “até já” com gosto de “não vai!”, as unhas rasgam a pele e as bocas se fundem, os corpos vibram até o bater da porta “P’la!” ... corre, passagem, mensagem, corrida... na rodoviária vazia e fria cada passo é um grito... “já volto caralho!”.. São Paulo é uma garota temperamental, o negócio e virar-se e correr antes que ela te passe uma rasteira.

Antes de entrar na Dutra eu já dormia, minhas pernas estavam fracas, meu peito queria pular pra fora... essa era uma missão das mais esperadas dos últimos tempos, dar uma revista no Rio e tentar entender porque é lá que o as coisas acontecem.

Chego na rodoviária as 10h07, atordoado, tinha dormido a viagem toda e não esperava uma manhã tão clara e quente à minha frente, fazia 34° C e eu estava numa ressaca de tudo, um gosto de guarda-chuva impossível ignorar, saí na rua e uma horda de taxistas me encurralaram, era hora de ficar atento, escolhi um e fui, o cara parecia sobrio e tinha um Santana, mais velho que eu, mas parecia confortável, combinamos quinze reais, ele tentou ligar e nada, sem gasolina. Saí e antes que pudesse ver se encontrava um ônibus já fui pego por outro taxista, esse sim sóbrio, com um palito de dente na boca... “puta merrrda, vamu lá” pensei, perguntei “quinze reais?” ele “isso aí”, pouca conversa no caminho, o botafogo era perto, caminho tranqüilo, fomos por dentro então nada de ver mar, chegamos no Botafogo, ele vira e manda, sem nem disfarçar “então, são quinze por quilômetro, foram 8 então isso dá 120 paus!” ... “cheguei” pensei alto, saquei vinte, sai do carro, peguei minha mala enquanto ele falava sem parar, ainda estava bem sonolento mas não dava pra começar o dia assim, ele continuava gritando “tu ta na zona sul cumpadi, aqui é assim”! Peguei os vinte da mão dele, joguei cinco de volta chutei a porta e falei “zona sul é assim cuzão!” me virei e fui andando, pensando numa rota de fuga no caso de ouvir um gatilho, mas nada, antes de eu cruzar a esquina ele já tinha sumido... talvez o Rio tenha perdido um pouco da malandragem, ou meu treinamento pelas ruas do Socorro foram bem sucedidos, mas aquilo estava muito estranho aínda.

Chegando na casa da Jane entendi o porque de ter saído tão fácil daquela, tava com a cara toda retorcida, como se tivesse dormido numa caixa de abridor de latas. Lavei o rosto e fui buscar uma cerveja gelada, um céu, um mar, uma vida.

A cerveja nem tão gelada desceu boa, mas ainda não era aquilo, tinha que encontrar as irmãs metralha em Copa, para uma missão no centro. Encontrei com elas no posto 5, elas estavam junto com o Márcio e o Marciano, mas isso tudo duraria uma semana inteira pra contar, o que valeria a pena mesmo, mas acho que peguei o vírus, vírus do sossego, do arredondamento, da voltas, das curvas, as coisas no Rio não são exatas, tudo é Jammiado, o funk e o samba estão nas pessoas, nas ruas, o café tá na cabeça e o chope nos quadris o dia todo.

Logo chega a noite, a lua cheia ilumina a marina da Glória, o aterro, lá longe vejo os aviões descendo no Tom Jobim e as luzes brilham na Lapa e em Niterói, era hora de cutucar as calçadas com meu sapato bicolor, calça de linho e sem flagrante no bolso... Logo chego em Copa, Tip Top, samba de roda e cerveja barata, tô em casa já, vou encontrar o nego veio, ele tava todo preocupado com sei lá o que, pra variar, mas estava numa boa, cerveja e tempo ameno em Copa eram como antídotos para qualquer problema, mesmo pra ele, pelo menos até a madrugada se aproximar e trazer o Marcelo, um típico carioca, bermuda, tênis sem meias, um sorriso enorme e simpatia pra gastar sem miséria. Logo a conversa anima e escorregamos pra praia pra uma vida, na Lapa a multidão é inclassificável, hippies, flamenguistas magrelos, vascaínos jiujiteiros, funkeiras e gringos se misturam numa numa dança de tipos, cheiros e sotaques que só seriam possíveis ali, naquele calor. Encontramos um pessoal, uma loura grandona que chegou de Israel e não sabia bem o que fazer com as viabilidades disponíveis naquela noite, ele estava uma pilha, assim como os caras da Gávea que vieram com ela e não paravam de mamar cervejas, uma atrás da outra. Alguém falou do bar Bukowski, de volta ao ponto de partida, no Botafogo. Chegando lá uma fila impossível, casa cheia, como eu já ouvira falar antes, no Rio quando um lugar cai na boca do povo é isso. Imaginava um pub às moscas com meia dúzia de fracassados mas no Rio o que não falta são vagabundos, o negócio era aproveitar as cervejas baratas da rua e a noite quente, quando entrei já não tinha mais o que fazer além de arranjar uma briga ou descolar um canto quieto onde eu pudesse fumar um cigarro antes de cair no sono ao som de Bela Lugosi’s dead. Não foi exatamente uma decepção, claro que não seria um pub amaldiçoado de beira de estrada, e até que o lugar tinha algum estilo, peguei uma cerveja e fui farejar o lugar. O Rio tem essa coisa estranha de as pessoas todas parecerem as maiores malas sem alça do mundo até você conhecê-las e elas te abrirem os braços, a casa, as pernas e o que mais você quiser, mas minha cabeça estava querendo explodir e eu não tinha muita coisa pra dizer por ali, no Rio eu não sou ninguém e o jeito era aproveitar o lado bom nisso, peguei uma cadeira e coloquei no meio do quintal, acendi um pigas e fiquei vendo as pessoas passarem e falarem feito carros na Rebouças. Talvez eu não seja mais o mesmo...



“Caralho merrrmão!!! Já vai se entregarr!!” berrou o nego véio na minha orelha antes de chutar minha cadeira e me trazer um refil da holandesa verde. Pois é, com o Mano na seleção eu não podia mais fazer corpo mole e depois de um gorfo na calçada ainda cheia de saltos e papetes voamos pra Ipanema, já com algumas baixas, como a lorona que tava se atracando com um jacaré bem em cima do meu vômito. No caminho pro Empório passamos na praia onde perguntei pra Jah “porque não levo outra vida?”, ele me respondeu com o melhor mato da cidade entrando pelos meus pulmões e lubrificando minhas juntas pra que eu pudesse voltar pras cervejas baratas na rua, fazer o que o destino me impingiu, pelo menos até aparecer coisa melhor. É Hank, você não mudou nada.

domingo, setembro 05, 2010

depois de umas cervejas na Liberdade...

Quando você está bêbado, de leve que seja e se senta em frente ao computador às cinco da manhã é pra escrever merda, com certeza...

Eu tenho um monte, um MOnte de coisa pra colocar aqui, minhas impressões sobre o Rio de Janeiro, sobre Bauru, sobre o ócio e as férias que eu tanto queria, sobre estar namorando, sobre o TCC, sobre o job na HBO, sobre um monte de coisas, mas agora eu estou bebado e realmente não sei sobre o que escrever, mas o lance é que estou sem sono, acho que gente demais que eu conheço lê esse blog, daí não dá pra escrever o monte de merda que eu gostaria, porque isso causaria um monte de julgamentos e cretinices que teriam um grande potencial de cagar tudo o que está acontecendo atualmente... eu sou o rei de fazer isso, arruma uma namorada e fala da ex no blog, arruma um emprego e fala mal do antigo no blog, tromba um camarada azul na rua e fala mal do Avatar... a vida é assim, as coincidencias são feitas pra te fuder, pessoas legais tem uma grande possibilidade de te achar um cretino, gases surgem quando você está está mais do que suficientemente desconfortável, reuniões não pré-agendadas são feitas quando tu está de saída, as coisas mais maravilhosas do mundo acontecem quando você não está di$ponível pra elas, mas no fim das contas você só é feliz quando você está aberto a isso, e andar com gente negativa te torna negativo e assim você não vê graça em nada nessa vida...


não sei o que está acontecendo exatamente agora, na verdade isso tá mais parecendo um surto que um post, mas e daí, são 5 da manhã, eu só queria estar com sono como eu estava uma hora atrás, e eu não fiz nada de realemtne estimulante... só me sentei na frente do computador pra saber se tinha acontecido algo relevante nas ultimas horas e não, nada mudou, na minha vida também, nada mudou, algumas coisas mudam, algumas até ficam com cara de resolvidas, o que pode parecer inconcebível, mas sim, tem coisas que acontecem e é como um grito "mano, te preocupa com o resto, isso aqui já foi." ... mas como um cara como eu, que escreve sobre as agruras da vida, como eu vou poder olhar em volta e falar "tô feliz, tô satisfeito"... aí é que se mostra o escritor de verdade, o cara que das duas uma, ou arruma uma criaca na própria vida e transforma num problema terceirizável num personagem, ou assume que vai ter que viver de ficção pura, toma vergonha na cara e desencana do blog e vai escrever sobre a vida de seres imaginários, mesmo achando que estes nunca terão a profundidade dos antigos, baseados nas próprias experiências, ou nas de amigos, ou de bêbados do centro da cidade... claro, sempre haverão os bebados do centrão, hoje mesmo conheci um, Antonio Carlos, morador das marquises da região central, 57 anos e uma ligereza invejável... no fim das contas é isso, o negócio comigo é gente, conhecer gente, as pessoas que fazem os meus dedos trepidarem sobre o teclado, meus calcanhares deslizarem sobre as calçadas, se você está aqui agora, amanhã você está lá, morando no Arouche, dormindo num albergue... isso é o que eu sentia falta em SP, saber onde eu vou parar se tudo-tudo-exatamente-tudo der errado... eu vou acabar no anhangabaú!

Tô perdendo alguma coisa, acho que tô muito sem assunto hoje, resolvi escrever só pra curar insônia e estou aqui, colocando isso logo aqui, no meu blog de quatro leitores... amanhã descubro o que escrevi sobre o Rio e posto... foi certamente mais incrivel viver do que será escrito, verborrado, devo estar borando geral, então tá.