domingo, outubro 15, 2006

VESTIDO DE NOIVA - PARTE 2

Como eu disse da última vez que nos encontramos, algumas coisas simplesmente estão fora do nosso controle, uma dessas coisas é o fato de que o tempo do mundo nem sempre é o mesmo da gente, acho que é uma questão de sensibilidade, é, sobre isso eu não sei muita coisa mesmo! Sei apenas que a vida é cheia de surpresas, boas e ruins, e que por mais que não seja da nossa natureza, há momentos em que temos que nos resignar. Mas o verdadeiro problema, é que tem gente que não sabe a hora de parar.

Você já teve a sua surpresa de hoje?

VESTIDO DE NOIVA - PARTE 2

Dois anos depois...

De lá pra cá miuita coisa aconteceu na minha vida, muitas pessoas passaram pela minha vida com suas histórias, passados, sonhos e como vocês já poderiam esperar, nenhum desses sonhos casou com os meus. Vocês devem estar se perguntando se eu cheguei a ligar pra Ana Julia depois né? Pois nem precisei, nos encontramos no metrô um dia desses, trocamos e-mails, telefones (Se a encontrarem boca de siri hein!! rsrrsss...) e como já era de se esperar, nada aconteceu. Acho que provavelmente porque não era pra acontecer mesmo, mas isso aconteceu também porque algum tempo antes eu tinha conhecido um gata de parar o trânsito, sabe aquelas que você quer apresentar para os amigos antes mesmo do primeiro beijo? Pois é, já estava saindo com ela havia algumas semanas, por isso deixei a A.J. no forno mais um pouco, pra gratinar ou pro próximo tentar a sorte mesmo.

Voltando à gata, o nome dela era Luiza, que mulher, uau! Pois é, depois de mais algumas semanas ela começou a freqüentar a minha casa, daí sabe como que é, ela era modelo e morava numa kitinete com umas outras 8 gaúchas, então como a casa era razoavelmente confortável ela foi ficando, levando umas roupas e logo ela já estava até lavando a roupa.

Não tinhamos muita coisa em comum, mas de alguma forma muito estranha as coisas rolavam bem, então fui deixando as coisas tomarem seu próprio rumo. Com o tempo percebi o quão grande aquilo estava se tornando, afinal, quando uma mulher é criada para algo não há quem desfaça. Mães gaúchas costumam ser muito competentes, é só você perguntar a procedência de um daqueles pares de mórmons que andam de calça preta e camisa no Sol escaldante o dia todo tendando converter todo mundo, oito em cada dez são gaúchos, é uma loucura. Então, mães gaúchas não criam as filhas para outra coisa que não seja casar, e com ela não era diferente.

Esses dias um amigo me disse que eu sou um analfabeto no que diz respeito a mulheres, ele disse que eu só consigo decifrar simbolos, como aqueles marcando os lugares especiais no ônibus... na hora fiquei viajando nos bonequinhos e nem liguei, mas pensando bem acho que ele tem razão.

As coisas iam bem entre eu e a Luiza, eu estava meio incomodado com ela em casa, mas ela não falava nem mesmo que era minha namorada, então isso me mantinha mais sussegado. Até que numa bela tarde de sábado ela tava deitada no sofá vendo tv e eu ví aquilo que acabou virando a nossa relação em 180°. quando fui pegar uma cerveja na mesinha de centro eis que eu me deparo com uma tatuagem, fui dar uma olhada melhor e ví, era grande, no pé, e era o meu nome, em letras garrafais...

- O que é isso? - Perguntei aínda em choque.
- Pensei que fosse o seu nome. - Respondeu ela na maior naturalidade do mundo.
- Por que?
- Porque eu gosto de você, queria fazer uma homenagem.
- Homenagem? Eu tô pra morrer por acaso?
- Não querido, achei que você ficaria feliz, afinal de contas, isso é uma prova do quanto eu gosto de você.
- ... ummm... eu gostei, mas... ok, é linda, obrigado.
- Você não gostou né, desculpe, não sabia que seria um incomodo tão grande assim.

Isso ela sempre fazia, era manhosa, sempre dava um jeito de eu me sentir mal, não tive mais respostas, então dei um tapinha na perna dela e disse que ficou lindo, então saí da sala. Passei o resto do final de semana, depois a semana e mais outra pensando no quanto eu deveria significar pra ela para que ela fisesse uma coisa daquelas, no começo fiquei assustado mas logo me acostumei com a idéia e comecei a gostar, gostava do fato, da idéia por trás e do que aquilo significava para ela, e sobretudo o que significava pra mim.

Passei a gostar dos pés dela, nunca fui muito chegado em pés, mas os dela era muito bonitinhos, pequenos, meio ossudos e machucados por ela ter bançado balé na infância mas mesmo assim eram pés lindos. Na cama passei a dar mais atenção aos pés dela, beijava-os incansavelmente, fazia massagem, beijava mais aínda, e em pouco tempo percebi que estava apaixonado por aquela tatuagem, talvez tanto que já nem dava mais tanta atenção pra Luiza, pra falar a verdade, depois de algum tempo comecei a me irritar um pouco com ela, não sei direito porque, acho que é porque ela nunca estava em casa, mas não sei bem o que aconteceu.

Depois de uns dois meses acabamos por nos separar, nada muito traumático, ela conseguiu um contrato ótimo em New York e foi, eu fiquei num misto de decepção, alegria e saudade, mas não tinha saudade especificamente dela, mas sim daquela tatuagem.

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