terça-feira, julho 17, 2007

Paranóias!

Durante os primeiros dias na nova casa eu consegui manter certa arrumação, até por algumas semanas, sobretudo até que os malditos jovens do reggae decorassem o caminho, porém seria uma injustiça colocar a culpa apenas neles, das duas taças eles quebraram apenas uma, o travesseiro foi um vacilo causado, sobretudo pela minha morosidade em fornecer a infra necessária a uma reunião descente, mesmo eles sendo conhecedores dos gargalos estruturais e financeiros desta nova gestão, mas eu poderia ter pensado melhor e passado mais algumas vezes na caçamba dos brindes e certamente aquele acidente poderia ter sido evitado... mas esse é um problema latino-americano, afinal o Kichner deixou a Argentina ficar sem luz nem calefação no pior inverno dos últimos 80 anos, todos em São Paulo compram carros assim que sobra uma grana e contribuem assim para a crescente morosidade do trânsito da grande cruz (chega a ser poético o fato de São Paulo ter o formato de uma cruz, pelo menos eu acho, mas sobre isso eu falarei outra hora), sem falar no Rio e em Caracas que estão virando cenários de Counter Strike.

Voltando ao lar. Dia desses decidi dobrar minhas roupas que se acumulavam num canto do meu quarto e eis que descobri que elas estavam sobre um foco, não, uma colônia, pra falar a verdade era todo um continente de cupins. Os cupins em si não me pareceram um problema à primeira vista, afinal os montinhos de serragem pelos cantos da casa não eram novidade alguma, o problema maior eram os vermes, o certo seria chamar de larvas, mas a aparência e a quantidade eram tão negativamente impressionantes que o nome vermes me veio logo à cabeça (não, não existe paralelo lógico que justifique esta sentença). Tive nojo a princípio, depois fiquei revoltado pensando ter esquecido alguma comida por ali, mas logo essa versão foi refutada devido à quantidade de seres entre as roupas, mochilas, caixas e papéis que se misturavam no canto do quarto. Passei por volta de três horas removendo os vermes das roupas, papéis, etc. Depois disso, na falta de algo mais apropriado, joguei cândida nas criaturas e comecei a procurar outros focos pelo resto da casa, achei apenas alguns elementos perdidos vagando pelos cantos, colados em algum pano ou madeira. Depois de me livrar deles e da comida dos últimos dias eu pude ir pra rua tomar um ar e pensar no que fazer aos próximos dias. Posso dizer com certeza que desde aquele dia ando meio desassossegado em passar muito tempo em casa, quem dirá de dormir.

No sábado fui à forra, comprei três litros de querosene, passei o dia muito louco, me senti um pouco Stálin por algumas horas, e foi um pogrom daqueles, ao fim do dia eu estava chamando Jesus de Genésio, um pouco pelo genocídio, um pouco pelas outras refeições desperdiçadas, um pouco por inalar querosene horas a fio e principalmente por saber que eles estavam à minha volta esse tempo todo, em todos os lugares, e ainda devem estar... babando por vingança.

Entre outras dezenas de assuntos pendentes, outro que tem me tirado o sono por esses dias é a minha orfandade temporária. Hoje à noite eu estarei oficialmente sem pai nem mãe. No final de semana recebi a solidariedade de alguns parentes, dizendo o que era de se esperar, que eles estão aí pra qualquer bronca, o que em suma quer dizer: “se quiser filar uma bóia aqui de final de semana a gente te recebe.” A reunião de família foi daquelas inesquecíveis, famílias “finas” como a minha são divertidíssimas, você pode chegar à lombra e com a marofa que for que ninguém nunca vai te julgar/recriminar, pois estão todos (ok, até existem exceções... as crianças) devendo, pode ser algo de hoje, de ontem ou de 1999, mas nos demos sorte que estava nublado, afinal, merda no Sol fede. Gosto da minha família, quando estou com eles me sinto apenas mais um.

Toda essa finesse tinha um agravante, um noivo novo na área, um da igreja, boa família até que se prove o contrário, estudioso, boa gente, e depois de sábado posso dizer, um cara firme, pois a família adora uma piada em cima dos novos agregados e ele se saiu bem de todas.

Sábado com vermes, domingo com os Moraes, segunda-feira de volta à labuta, numa indústria farmacêutica (vide caso Vioxx, já dá pra se ter uma idéia)!!!! Hahahahaha!!! Qual vai ser a da terça-feira, o Senado?? Haja remédio pra enjôo...

Voltando aos problemas pra dormir. Minha relação com os meus pais sempre foi muito boa, sobretudo com a minha mãe, que pra mim parece uma encarnação viva do Sidarta. De uns tempos pra cá, progressivamente minha relação com o meu pai vem ficando meio distante, não sei exatamente se aconteceu algo prático que me tirou do seu “circulo de confiança” ou se ele simplesmente acha que eu me enchi dele, o que eu tento mostrar que não aconteceu, sem muito sucesso. O que sei é que ele está distante, insensível às minhas demandas, sejam elas quais forem. Um “você precisa de alguma coisa?” seria maravilhoso, mas um “como você está?” seria realmente divino, mas acho que essa pergunta não deve rolar pelo menos até eu conseguir pôr internet em casa pra falar com ele pelo Skype.

Ouvindo:

Killing Chainsaw – KC71R3, Payable Hole, Passion, To have colors, Chiken Legs, Did I step on your foot?, The woke of Jo.

Yeah Yeah Yeahs –Miles away, Gold lion, Graveyard, Hyperballad, Let me know, Machine, Our time, Shot down

Fiona Apple - Extraordinary machine (ninguém viu...)

P.s.: Quanto à família, exagerei um pouco, um pouco.

2 comentários:

Anônimo disse...

essa do queroseme me fez rir por uns bons minutos hahahahaha e esse albumda Fiona tá show, ela é foda, Pedro! abz

Anônimo disse...

alguém já sugeriu um mosqueteiro? (só pra registrar..rs)