quarta-feira, julho 18, 2007

Crítica musical intertemporal

Artista: Killing Chainsaw
Álbum: Slim Fast Formula
Música: Passion
Ano: 1993

Hoje em dia a maioria das tribos urbanas paulistanas se acham o “creme de La creme”,desde os enfadonhos e úmidos emos, os indies e suas calças xadrez em meados dos anos 90 até os óculos de armação grossa em 2000 e as atualíssimas camisetas listradas, os fritos das raves e os ganguestá rapper; todos acham que são a tribo mais descolada. Se o tempo de sucesso fosse o critério eu acredito que os indies venceriam, pois conseguiram manter certa dignidade por mais de dez anos, mas existe uma tribo, esquecida no passado, que foi gloriosa em seu pouco tempo de vida.

Se você falar para um adolescente hoje em dia que você é “auternativo”, (a resposta padrão dessa tribo às indagações era “sou alternativo, curto... som auternativo...”), o moleque vai rir de você, ou coisa pior. “Já faz 20 anos que o alternativo morreu” é o que ele dirá, afinal é o que parece a esta nova geração. Na verdade o alternativo morreu a pouco, por volta do ano 2000, com o final dos Pin Ups sendo como uma última flor na lápide. Mas os alternativos eram um pessoal de visual meio largado e dark, algo entre o punk, o gótico, o grunge e o ainda nascente britpop. As preferências desse grupo de elementos, um grupo bem difuso, desde os pés de barro do Parelheiros que iam pro madame satã no fim dos anos 80, os andarilhos da “baixa” Bela Vista, Bexiga, Móoca, Armênia, até algumas figurinhas carimbadas das artes e da publicidade (*). Dentre estes, havia um grupo que se destacava por freqüentar as noites mais exclusivas e de melhor música ao vivo que São Paulo já teve, eram bandas como Garage fuzz (ainda hoje, vivos), Dominatrix (que criaram e difundiram o gênero riot girrrll no país), Pin Ups (alguns dos arranjos mais eficientes e maior presença de palco que São Paulo e o rock nacional já puderam presenciar), Dog School, Street Bulldugs, Okotô, Againe e finalmente, o Killing Chainsaw.

A banda durou pouco, cerca de 5 anos, lançou o discos independentes e excursionaram com passagens inclusive pela Europa, geralmente em festivais de verão. A música a seguir era uma das mais festejadas, ou devo dizer mais “de foder” do show. Uma das músicas mais puxadas para o grunge mais comercial que a banda fez, o que explica o fato de a música ter sido a escolhida para o clipe da banda na MTV. Diferente de hoje, o preço de produção de um vídeo semi-descente era estratosférico, basta pensar que uma câmera de mão caseira custava cerca de 25 salários mínimos (2000 reais pela menina e o s.m. a 79 conto, dados de 93), sem falar na dificuldade de editar aquelas fitinhas na própria câmera(ou o custo de passar tudo pra VHS); hoje uma câmera que grava em DVD custa uns 6 s.m., você pode editar no computador e difundir pela internet, você nem da MTV precisa mais. Os caras eram verdadeiros heróis da resistência, e da dedicação à causa auternativa, e faziam um som da porra.

Como estou tendo problemas em inserir o vídeo aqui, acessem pelo link aqui, vale a pena!


(*) Os primeiros indies surgiram em meados dos anos 90, eles surgiram dos alternativos, apesar de se dizerem apenas contemporâneos dos mesmos. Eles eram formados sobremaneira de estudantes e profissionais de jornalismo e publicidade, um pouco mais limpos e bem-reputacionados que os alternativos, eles acabaram de desligando do grupo como uma dissidência mais “sofisticada”, e esta busca por sofisticação posteriormente os dividiu em dezenas de castas. Muitos alternativos acabaram virando indies, dentre os mais influentes inclusive.

Ouvindo:

Alternativo, curto som alternativo... (dêmodê mas sucinto, como deve ser.)

P.s.: Desisto de editar esse texto, toda vez que eu tento ele se apaga todo.

Um comentário:

Anônimo disse...

alternativo existe...mas existe um tipo de alternativo pau no cu... e esses, cmo muita gente, estragam o proprio meio deles..