quarta-feira, maio 07, 2008

Agora aqui.



Estava cansada, depois de um dia duro de trabalho, comprei legumes, um peixe e corri pra casa pra fugir da chuva, sem sucesso, a sacola de papel com os legumes estourou e fiquei na chuva recolhendo-os por tempo o suficiente pra ficar ensopada e não precisar mais correr pra casa. No metrô conferi se estava tudo lá. Faltavam os aspargos. Nem mesmo podia olhar pra frente em paz agora, pois estava toda molhada e minha roupa marcava cada linha do meu corpo, o que causou alguns risinhos de crianças e comentários deselegantes dos homens do vagão. Não me importava realmente, só não queria ser vitimada por gentilezas pretenciosas e cheias de intenções, como já acontecera antes. Não queria mesmo ajuda alguma, estava satisfeita com minha cara amarrada a caminho de casa. Ao me levantar notei o salto quebrado, o que não haveria de ser novidade num dia daqueles. Corri pra fora da estação e caminhei agora mais sossegada, a caminho de casa, molhando os pés no húmus gelado das folhas que caíram com o vento e com a chuva.
Peguei a chave na bolsa e entrei, nem mesmo olhei para os lados pra não ter que ouvir piadas de algum vizinho. Tranquei a porta, joguei a chave na mesinha, enfim estava livre, a bolsa voou graciosa até o chaise, o terninho soltei numa cadeira enquanto tirava os sapatos molhados no corredor que vai até a cozinha, lá peguei uma taça grande, subi noutra cadeira e peguei um Cognac, era um presente de muito tempo, um Courvoisier, hoje eu merecia ele, abri e sem culpa coloquei uma dose generosa. Peguei minha taça e a garrafa e subi as escadas perfumando a casa toda com aquele aroma. Chegando ao quarto abri as persianas, mas mantive o vidro fechado já que a chuva não cessara, apesar da luminosidade ímpar daquela tarde, o céu ganhava tons de rosa e dourado e fiquei por ali, em frente à janela enquanto tirava o resto da roupa ensopada.
Não sentia frio, tampouco estava incomodada em me esconder dos passantes, pois estava segura, confortável e agora nua. Sentei-me na cama e observei os últimos raios do Sol atravessarem minha janela, sozinha, forte, eterna.

8 comentários:

Polinha disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Polinha disse...

muito legau...muito meu momento...muito bom...
küsser

Anônimo disse...

eu gosto de aspargo!

Anônimo disse...

vc entre regras? etiquetas? ralhas?
por um ataque de histeria vc acata e se permite confundir com o "dar chance a algo"
vc eh muito mais que isso, sai dessa antes que seja tarde

aurora disse...

tem gente que precisa de cabresto!

Anônimo disse...

por isso você quer por um nele, já que não pode fazer de outra forma!

Anônimo disse...

Uns cavalgam, outros correm atrás...

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Prezado anônimo,

Desculpe, não resisto a uma piada pronta!
Mas paro por aqui, antes que a brincadeira se torne desagradável e certamente desnecessária.
Estou certa que se sentirá em casa para continuar....

Atenciosamente,

Laura

Anônimo disse...

hey perdeu peso ou virou contrapeso?

bem não há problemas quando se tem opções...