Não é de hoje que as grandes empresas dos principais setores econômicos, em todo o mundo, estão passando por um processo de fusões e aquisições sem precedente na história. Na área da informação, seja ela científica ou jornalística, a coisa não é diferente.
Existem rumores sobre a negociação entre a Thomson Corp. e a Reuters (ver post anterior), que se for realizada, criará a maior empresa mundial de informações financeiras do mundo, com cerca de 34% do mercado, desbancando assim a Bloomberg que detêm 33%. Além disso, a compra da Dow Jones, dona do Wall Street Journal pela News Corp., comandada pelo magnata das comunicações Rupert Murduch (FOX, SKY, DirecTV, My Space, New York Post, etc) já parece certa. Sem falar na compra da DoubleClick pelo Google ou a expeculação sobre a compra do Yahoo pela Mirosoft.
Muitos especialistas em jornalismo, ONG sobre a liberdade e transparência da imprensa além de empresários do setor vêem com apreensão este movimento que não parece ter hora pra parar, pois segundo eles, estando as grandes empresas de comunicação, informação e entretenimento todas em poucas mãos, a manipulação de informações pode se dar de forma muito mais abrangente e com muito mais eficácia. É só ver o caso da União Soviética ou de Cuba, onde a falta de fontes alternativas de informação criou uma população manipulável, que não tinha porque duvidar do que dizia-lhe a imprensa oficial.
Numa relação direta, a Fox e toda a News Corp., durante as últimas eleições presidenciais americanas foi largamente acusada de favorecer George Bush, não veiculando notícias negativas sobre a guerra do Iraque, fazendo vistas grossas quanto aos problemas econômicos americanos, entre outros. "A Fox News dá duas versões de cada informação: a do presidente e a do vice-presidente", ironizava o humorista Stephen Colbert em abril de 2006.
Porém do outro lado da moeda, porque sempre tem outro lado, surge a internet 2.0, também conhecida como Web Colaborativa e os blogs ganham força cada vez maior com ajuda de ferramentas da web 2.0 como Digg e Rec6 (no Brasil). Alguns anos atrás os blogs eram dados como o futuro do jornalismo, as empresas jornalísticas em todo o mundo começaram a encaixotar seus planos de crescimento e contar os dias para o esperado fim, então no início da década veio a bolha da internet e os grandes jornais viram que seu "papel" aínda era relevante.
Na semana passada um repositório de blogs, o Digg.com, foi impedido judicialmente de publicar posts de blogs que contivessem um código de programação que é a chave para quebrar a proteção contra cópias de filmes em alta definição dos HD DVDs. Porém, horas depois de cumprir a ação juducial e excluir posts de blogs que contivessem o tal código, uma legiao de bloggers invadiu o site com milhares de publicações contendo o mesmo código, ou então apenas protestando contra a decisão do site de tirar o conteúdo do ar, em poucos dias a informação havia se espalhado por toda a blogsfera mundial e ganhado sites e mais sites, foi uma verdadeira revolução proletária na internet, os usuários comuns lutando pelo seu "direito" de copiar filmes livremente. Isso dá uma noção do poder que a web 2.0 deu ao usuário comum, já que depois desse levante, o Digg desistiu de suprimir o tal código.
O futuro dessa batalha é difícil de prever, de um lado temos as grandes corporações ficando cada vez mais fortes, hegemônicas e abrangentes, e do outro, temos um usuário da informação com cada vez mais canais de comunicação, com ferramentas que dão a cada pessoa a chance de se expressar e ser ouvida por uma gama cada vez maior de pessoas, via web 2.0. Rupert Murduch é dono do MySpace, o Google dono do Blogger, a Microsoft quer comprar a Yahoo!, será que um dia eles vão tentar nos calar? Será que um dia eles vão ter esse poder, como o Grande Irmão do 1984? No dia em que os jornais, os provedores e portais de internet, os buscadores, fabricantes de hardware e desenvolvedores de software, os canais de televisão e rádio estiverem todos nas mesmas mãos, como parece que não vai demorar muito a acontecer, nesse dia vamos ter que voltar pras tochas e pras praças, pois vai ser tudo o que teremos em mãos.
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