Um pensamento, um único pensamento momentâneo e aparentemente inofensivo pode ser aquele que vai mudar tudo, um questionamento, uma pessoa que você encontra na rua, um lugar que te vem à memória, uma música, um palavra, um cheiro, uma sensação, é tanta coisa que não dá pra descrever, não dá pra tentar juntar tudo e, sobretudo, não dá pra manter as rédeas sobre tudo o que se passa entre nossas orelhas ou entre nossos passos.
Tenho vivido dias muito tensos, cheios de vida e de morte, facas, aranhas, pessoas queridas, lugares que me trazem lembranças, situações que me trazem lembranças, lembranças que me alegram, outras nem tanto, garrafas, louça pra lavar, coisas pra pagar, procurar, procurar, procurar, pôr os pés no chão e deixar a mente voar (Where is my mind?) quando necessário, ver gente, fugir de gente, querer e não conseguir, chorar, chorar, socar, chutar, chorar, doer, doer, doer, o sofá de couro branco, pés de metal, as taças de água, o churrasco, a fome, o jejum sem fome, o vazio, o se encontrar, o preencher, procurar, procurar, os erros, a burrada, a escolha, a decisão, o silêncio, o método alemão, o silêncio...
You gonne get high as the sky
You're kissin' your life goodbye
You think it's a game that you play
But the winners lose it all someday.
You think it’s a game
You think it’s a game
You think it’s a game
You think it’s a game…
Conviver, fugir, estar, silenciar, correr, caminhar, jogar bola, não jogar, perder, perder, perder, conviver, superar, chorar, muitas idéias, outras propostas, capacidade, duvidar de si, corrigir o outro, querer, querer, matar, morrer um pouco, querer abraçar o mundo, fugir daqui, sair daqui, desespero, promessas vãs, credito, descrédito, vergonha, mentira, dadaísmo? Não, definitivamente, realismo fantástico, ilha da fantasia e da pizza, da garoa, da miséria, da fome, do descaminho, muita gente, periferia interminável, centro belo e sujo, e o resto? Eu quero, tenho medo mas quero, pior que isso não deve ser.
Os jornais, as revistas, os famosos, os amigos, perdi a peça de um amigo, o show de outro, vou à exposição de um, mas e a outra? É longe, fora daqui, queria ir, mas o meu dono não deixa, algumas dependências são eternos, algumas forças indestrutíveis, algumas barreiras intransponíveis, alguns segundos irretocáveis e outros quando não se sabe o que dizer são f... Tente alegar embriagues, nervosismo, o que seja, é tudo verdade mas é tudo desculpinha, a explicação não merece ser proferida, está feito, desfeito, dito, pensado, foi, faz diferente ou corre e se afunda de vez, mas não se explique, um dia terei essa sabedoria.
Quero um lugar onde eu não seja refém da verdade!!!! Refém do passado, dos dedos em riste, das risadas, da pena, do julgo, dos atos, das palavras que eu disse, mas já não acredito, das que eu acredito mas não quero usar, das que eu ouço e não quero acreditar, ou não quero retrucar, ou não quero ouvi.
Não quero mais acreditar em profetas pessimistas, quero acreditar na evolução, constante. Quero acreditar na capacidade de perdoar, aprender, superar-se, quero acreditar na capacidade de acreditar, acreditar no suspiro, no gemido, no cheiro, nos olhos, quero acreditar no que é dito enquanto a boca cala, no que é dito sem permissão, quero me permitir falar, me permitir terminar a frase, me permitir atender ao telefone ou mesmo a permissão de ligar, quero ser mais livre de mim e das minhas próprias castrações.
Que dias muito loucos estes, como hoje quando fiquei cerca de dez minutos completamente sozinho no ponto de ônibus de uma rua deserta encarando uma pomba perneta, ela me olhava, se coçava e dava um pulo, como um Saci, eu a olhava, dava um trago, olhava de novo, dava mais um trago, tentava desviar o olhar, mas não dava, a porra da pomba perneta ficou me encarando até o ônibus chegar. Entrei no ônibus ouvindo Oasis e fiquei pensando no porque de a pomba ficar me encarando... Alguém tem alguma idéia???
Preciso urgentemente de uma praia, preciso ver o mar, na verdade preciso sair dessa cidade, não importa muito pra onde eu vou, mas a preferência é uma praia, de preferência uma bem calma, bem vazia, bem quieta, um daqueles lugares pra você se sentar na areia e ouvir apenas o barulho de uma onda, depois outra, depois outra, e outra. Queria ter ido com a minha mãe pro México, estava vendo os vídeos hoje, tem de tudo, desde ruína Asteca, praia deserta, tequila, praia badalada, Hard Rock Café, muamba, tequila, mar verde, mergulho nos corais, ondas, comida boa, tequila... afff... ainda vou cair pra lá, é tipo uma Floripa super-desenvolvida.
Algumas coisas não mudam, nem depois de alguns anos:
(...) dirigir a vida sem carta, sem recomendações, viajar sem chinelos, Chile, a névoa esconde a rua, e o céu anda cinza de sono, ou chumbo depois das seis da tarde, (...)
(...) a balança comercial favorável a uma boa tarde de sono, depois de uma manhã de sono (...) eu adoro, eu brinco e rio como se tivesse 13 anos, não conhecesse nada, nem a mim mesmo, nem ao Cure, nem ela, nem poesia, nem a morte que está esperando, e vai continuar.
Amém!
Ouvindo:
Body Count – Winners loses.
Pearl Jam – Once, Oceans, Better Man.
Pixies – Where is my mind, Wave of Mutilation, Hey, Letter to Memphis.
Deftones – Root, Linus, Simple Man (Lynird Skynird cover), Digital Bath, Change (In the house of files)
Slipknot – Vermilion, pt. 2, Wait and bleed
Stone Temple Pilots – Creep, Big Empty, Trippin’ On a hole in the paper
The Cure – Lullaby, A Forest, Close to me, A night like This, Charlotte Sometimes
Wolfmother – The white unicorn, Love train
Tool – Spasm, Merkaba, Vicarious, Cold and Ugly, Vacant, Push it
Oasis – Be here now, My big mouth, Magic Pie, The girl in the dirty shirt, D’You know what I mean?, Champagne Supernova.
Dominatrix – 14th July ()
segunda-feira, setembro 25, 2006
segunda-feira, setembro 11, 2006
Vestido de noiva
Algumas coisas nessa vida simplesmente estão fora do nosso controle, nos ultimos anos tive muitas mulheres, muitas paixões, mas nenhuma delas me segurou por muito tempo. Não do tipo de cara que se apega facilmente, pra falar a verdade isso só aconteceu uma ou duas vezes, e eu vou contar pra vocês aqui uma dessas histórias.
Outro dia fui no centro velho, tomar umas com a Lúcia, uma putinha que conheci numa noitada dessas, depois de algumas cervejas e um ou dois rabos-de-galo perguntei a ela se ela tinha algum sonho, algo que ela quisesse viver e que fosse orgulhá-la para sempre, fiz essa pergunta para algumas pessoas ultimamente e recebi respostas diversas, mas a dela foi pra mim a mais sincera, fiquei realmente atônito quando ouvi aquela mina me dizer que o sonho dela era se casar. Na hora me lembrei de que ela já foi casada antes de vir pra São Paulo, como ela me disse uma noite dessas, mas antes que eu pudesse dizer qualquer coisa ela já foi logo emendando "eu não estou falando de ser casada, isso eu dispenso dez vezes, eu tô falando do casamento, o vestido, as fotos, o significado sabe?tenho meu vestido até hoje, na casa da minha mãe em Jequié, assim que eu juntar uma grana e morar num lugar melhorzinho vou buscar ele e deixar no meu quarto, num manequim, só pra poder me lembrar daquele dia, aquele vestido é tudo pra mim, é como se ele falasse pra mim que um dia eu já fui amada, nem que fosse só por um dia, uma mulher pode ter tudo nessa vida, mas ela nunca vai ser completa enquanto ela não tiver um vestido de noiva."
Ela me falou tudo aquilo com os olhos mareados, nunca tinha visto ela assim, nem com três papéis na mente e cinco clientes numa noite eu nunca tinha visto uma mulher daquele jeito, ela era apaixonada por aquele vestido como se fosse a única coisa boa que tinha acontecido na vida dela, e eu realmente não duvido que seja.
Eu tive muitas coisas boas na vida, mesmo decadente aínda tenho um bom carro, umas gatas que gostam de ferver comigo e algumas coisinhas que fui acumulando nos ultimos anos, mas quando eu a ouvi falar daquele vestido me deu uma inveja destruidora, quando entrei na marginal pinheiros para voltar pra casa com aquele Sol gelado de inverno na cara percebi que estava chorando, eu chorava e chorava pra caralho pensando que nessa vida maldita eu nunca tive nada que eu valorisasse e amasse tanto, o pior é saber que esse sentimento já estava vivo dentro de mim a anos, mas só nessa noite ele saiu do armário, e ele veio com tudo. Senti um vazio estranho, uma ânsia de por meu estômago pra fora, chorava e chorava copiosamente até chegar em casa.
Algumas semanas depois eu aínda estava em casa, fraco e febril como não ficava a anos, a lembrança daquela conversa havia aberto meus olhos para um espelho onde o reflexo era opaco e sem vida, sem objetivos, sem conquistas, até que num dia quente e úmido eu estava no sofá vendo Chaves quando toca a campainha, olhei pela janela e tinha uma perua dos Correios, coloquei um hobby e fui atender, cheguei no portão e o carteiro tava com a bunda virada pra mim pegando uma caixa enorme de dentro da perua, antes de eu perguntar ele me disse "aí chefe, lembra quando teve aquela enchente na agência do Piraporinha? Então, resgataram isso de lá pra você, já faz quase dez anos né? Pois é, espero que não seja urgente." Ele estava se enrolando todo para tirar uma caixa enorme da van e isso foi me deixando louco de curiosidade para saber o que tinha lá dentro. "Ó chefe, se tiver estragado alguma coisa você vai precisar ir lá na agência com a mercadoria que a gente resolve o resalciamento... tá aqui, o senhô é Valter Figueira?" assinei as três vias e entrei em casa e nem fechei o portão nem a porta da sala, era uma caixa grande como a de uma tv de 20 polegadas e me sentei de frente pra porta para não precisar perder tempo ligando a luz.
Sentei no sofá e comecei a abrir a caixa, ela aínda estava com cheiro de esgoto, abri primeiro a caixa do Sedex, depois tirei de dentro uma segunda caixa bem bonita, com um laço enorme, quando ví essa caixa comecei a duvidar que ela fosse pra mim. A muito custo abri essa segunda caixa e não sei por que diabo de mágica ela tinha cheiro de perfume, quando fechei os olhos e dei uma fungada bem dada pra tirar a inhaca do cheiro da outra caixa percebi que cheiro era aquele, era uma colônia bem suave, bem coisinha de adolescente, aquele cheiro me lembrava dos tempos do colégio, das menininhas de uniforme, ha há... tempo bom aquele. Terminei de abrir a caixa e lá dentro tinham uns papéis coloridos picados, conféti, coraçõezinhos bem pequenos cortados em papel colorido, bem pequeninos, milhares deles. A essa hora minha mente começou a viajar e espalhei os papeizinhos pela sala toda na ânsia de saber o que havia no fundo da caixa, eu estava implorando por uma resposta com relação à rementente daquilo. Finalmente mais ou menos no meio da caixa eu senti uma coisa, parecia um rolo de papel higiênico de rodoviária, sabe aqueles enormes? Tirei de dentro da caixa e fiquei meio sem jeito com aquele troço enorme, na verdade não era papel higiênico, era sulfite, uma folha colada na outra,finalmente achei a ponta, agora eu saberia quem havia me mandado aquilo, e lá dizia:
"Lembra que há dias eu disse que queria te dizer uma coisa e que precisava ser pessoalmente? Pois é, como não tenho conseguido te encontrar resolvi te escrever, espero que você goste, eu não consegui imaginar forma melhor de te mostrar o que você significa pra mim. Beijos, A. J..
02.10.98."
Fiquei sem reação, e enquanto tentava organizar as idéias o rolo escorregou das minha mãos e começou a rolar, primeiro pela garagem, depois rua abaixo até chegar à próxima esquina uns cinquenta metros adiante. Desci a rua e fui lendo milhares de "eu te amo", poesias dos mais diversos autores e frases de cartão de dia dos namorados nas mais diversas cores, tudo muito bem decorado e pintado, eu não sabia realmente o que pensar quando cheguei ao final da rua e os vizinho omeçaram a me olhar de hobby alí, tentando chegar no final da carta. Cheguei ao final dela e comecei a enrolá-la, agora lendo com mais atenção tudo que estava escrito, eu lia e tentava me lembrar de que poderia ser A. J.. Quando já estava entrando em casa de volta me lembrei, o nome dela era Ana Julia, era uma garota que eu conheci em alguma matinê por aí, ela era linda mas quando você tem 16 anos meninas lindas aparecem a rodo, quando terminei de enrolar a carta me sentei no sofá e comecei a lembrar de quando eu parei de atender as ligações dela, minha mãe ficava louca, me chamava de canalha o tempo todo, nas ultimas vezes que nos falamos lembro que ela dizia que tinha uma coisa muito importante pra me dizer, nunca dei muita bola, pra falar a verdade acho que parei de atender as ligações dela porque achei que ela tentaria me pedir em namoro, e como eu já tinha uma não seria bom arrumar outra, aínda mais do outro lado da cidade, era uma questão de praticidade sabe?
Fiquei me lembrando da Ana Júlia e em poucos minutos estava loucamente apaixonado, pensei em procurá-la, pequei a lista telefônica, depois procurei, Orkut, Google, finalmente encontrei alguma coisa, ela estava bem, continuava muito bonita, então hackeei uma ficha de inscrição dela e consegui achar seu telefone, me sentei ao lado do telefone e respirei fundo, disquei o número, quando o telefone começou a chamar olhei para o lado e ví a carta, fiquei olhando para ela por muito tempo, tempo o suficiente para ela atender o telefone e desligar por eu não ter dito nada, e tempo o suficiente para entender que eu estava apaixonado pela carta e não por ela, assim como a Lúcia era apaixonada pelo vestido de noiva.
Isso é um conto completamente ficcional, ok? Certo, ok. E não me venham falar que é o meu auterégo porque eu nem sei como se escreve isso.
Outro dia fui no centro velho, tomar umas com a Lúcia, uma putinha que conheci numa noitada dessas, depois de algumas cervejas e um ou dois rabos-de-galo perguntei a ela se ela tinha algum sonho, algo que ela quisesse viver e que fosse orgulhá-la para sempre, fiz essa pergunta para algumas pessoas ultimamente e recebi respostas diversas, mas a dela foi pra mim a mais sincera, fiquei realmente atônito quando ouvi aquela mina me dizer que o sonho dela era se casar. Na hora me lembrei de que ela já foi casada antes de vir pra São Paulo, como ela me disse uma noite dessas, mas antes que eu pudesse dizer qualquer coisa ela já foi logo emendando "eu não estou falando de ser casada, isso eu dispenso dez vezes, eu tô falando do casamento, o vestido, as fotos, o significado sabe?tenho meu vestido até hoje, na casa da minha mãe em Jequié, assim que eu juntar uma grana e morar num lugar melhorzinho vou buscar ele e deixar no meu quarto, num manequim, só pra poder me lembrar daquele dia, aquele vestido é tudo pra mim, é como se ele falasse pra mim que um dia eu já fui amada, nem que fosse só por um dia, uma mulher pode ter tudo nessa vida, mas ela nunca vai ser completa enquanto ela não tiver um vestido de noiva."
Ela me falou tudo aquilo com os olhos mareados, nunca tinha visto ela assim, nem com três papéis na mente e cinco clientes numa noite eu nunca tinha visto uma mulher daquele jeito, ela era apaixonada por aquele vestido como se fosse a única coisa boa que tinha acontecido na vida dela, e eu realmente não duvido que seja.
Eu tive muitas coisas boas na vida, mesmo decadente aínda tenho um bom carro, umas gatas que gostam de ferver comigo e algumas coisinhas que fui acumulando nos ultimos anos, mas quando eu a ouvi falar daquele vestido me deu uma inveja destruidora, quando entrei na marginal pinheiros para voltar pra casa com aquele Sol gelado de inverno na cara percebi que estava chorando, eu chorava e chorava pra caralho pensando que nessa vida maldita eu nunca tive nada que eu valorisasse e amasse tanto, o pior é saber que esse sentimento já estava vivo dentro de mim a anos, mas só nessa noite ele saiu do armário, e ele veio com tudo. Senti um vazio estranho, uma ânsia de por meu estômago pra fora, chorava e chorava copiosamente até chegar em casa.
Algumas semanas depois eu aínda estava em casa, fraco e febril como não ficava a anos, a lembrança daquela conversa havia aberto meus olhos para um espelho onde o reflexo era opaco e sem vida, sem objetivos, sem conquistas, até que num dia quente e úmido eu estava no sofá vendo Chaves quando toca a campainha, olhei pela janela e tinha uma perua dos Correios, coloquei um hobby e fui atender, cheguei no portão e o carteiro tava com a bunda virada pra mim pegando uma caixa enorme de dentro da perua, antes de eu perguntar ele me disse "aí chefe, lembra quando teve aquela enchente na agência do Piraporinha? Então, resgataram isso de lá pra você, já faz quase dez anos né? Pois é, espero que não seja urgente." Ele estava se enrolando todo para tirar uma caixa enorme da van e isso foi me deixando louco de curiosidade para saber o que tinha lá dentro. "Ó chefe, se tiver estragado alguma coisa você vai precisar ir lá na agência com a mercadoria que a gente resolve o resalciamento... tá aqui, o senhô é Valter Figueira?" assinei as três vias e entrei em casa e nem fechei o portão nem a porta da sala, era uma caixa grande como a de uma tv de 20 polegadas e me sentei de frente pra porta para não precisar perder tempo ligando a luz.
Sentei no sofá e comecei a abrir a caixa, ela aínda estava com cheiro de esgoto, abri primeiro a caixa do Sedex, depois tirei de dentro uma segunda caixa bem bonita, com um laço enorme, quando ví essa caixa comecei a duvidar que ela fosse pra mim. A muito custo abri essa segunda caixa e não sei por que diabo de mágica ela tinha cheiro de perfume, quando fechei os olhos e dei uma fungada bem dada pra tirar a inhaca do cheiro da outra caixa percebi que cheiro era aquele, era uma colônia bem suave, bem coisinha de adolescente, aquele cheiro me lembrava dos tempos do colégio, das menininhas de uniforme, ha há... tempo bom aquele. Terminei de abrir a caixa e lá dentro tinham uns papéis coloridos picados, conféti, coraçõezinhos bem pequenos cortados em papel colorido, bem pequeninos, milhares deles. A essa hora minha mente começou a viajar e espalhei os papeizinhos pela sala toda na ânsia de saber o que havia no fundo da caixa, eu estava implorando por uma resposta com relação à rementente daquilo. Finalmente mais ou menos no meio da caixa eu senti uma coisa, parecia um rolo de papel higiênico de rodoviária, sabe aqueles enormes? Tirei de dentro da caixa e fiquei meio sem jeito com aquele troço enorme, na verdade não era papel higiênico, era sulfite, uma folha colada na outra,finalmente achei a ponta, agora eu saberia quem havia me mandado aquilo, e lá dizia:
"Lembra que há dias eu disse que queria te dizer uma coisa e que precisava ser pessoalmente? Pois é, como não tenho conseguido te encontrar resolvi te escrever, espero que você goste, eu não consegui imaginar forma melhor de te mostrar o que você significa pra mim. Beijos, A. J..
02.10.98."
Fiquei sem reação, e enquanto tentava organizar as idéias o rolo escorregou das minha mãos e começou a rolar, primeiro pela garagem, depois rua abaixo até chegar à próxima esquina uns cinquenta metros adiante. Desci a rua e fui lendo milhares de "eu te amo", poesias dos mais diversos autores e frases de cartão de dia dos namorados nas mais diversas cores, tudo muito bem decorado e pintado, eu não sabia realmente o que pensar quando cheguei ao final da rua e os vizinho omeçaram a me olhar de hobby alí, tentando chegar no final da carta. Cheguei ao final dela e comecei a enrolá-la, agora lendo com mais atenção tudo que estava escrito, eu lia e tentava me lembrar de que poderia ser A. J.. Quando já estava entrando em casa de volta me lembrei, o nome dela era Ana Julia, era uma garota que eu conheci em alguma matinê por aí, ela era linda mas quando você tem 16 anos meninas lindas aparecem a rodo, quando terminei de enrolar a carta me sentei no sofá e comecei a lembrar de quando eu parei de atender as ligações dela, minha mãe ficava louca, me chamava de canalha o tempo todo, nas ultimas vezes que nos falamos lembro que ela dizia que tinha uma coisa muito importante pra me dizer, nunca dei muita bola, pra falar a verdade acho que parei de atender as ligações dela porque achei que ela tentaria me pedir em namoro, e como eu já tinha uma não seria bom arrumar outra, aínda mais do outro lado da cidade, era uma questão de praticidade sabe?
Fiquei me lembrando da Ana Júlia e em poucos minutos estava loucamente apaixonado, pensei em procurá-la, pequei a lista telefônica, depois procurei, Orkut, Google, finalmente encontrei alguma coisa, ela estava bem, continuava muito bonita, então hackeei uma ficha de inscrição dela e consegui achar seu telefone, me sentei ao lado do telefone e respirei fundo, disquei o número, quando o telefone começou a chamar olhei para o lado e ví a carta, fiquei olhando para ela por muito tempo, tempo o suficiente para ela atender o telefone e desligar por eu não ter dito nada, e tempo o suficiente para entender que eu estava apaixonado pela carta e não por ela, assim como a Lúcia era apaixonada pelo vestido de noiva.
Isso é um conto completamente ficcional, ok? Certo, ok. E não me venham falar que é o meu auterégo porque eu nem sei como se escreve isso.
quarta-feira, setembro 06, 2006
Muito tempo sem escrever, muito tempo!! Nesse tempo a vida tem sido bem intensa, várias fita ao mesmo tempo, varios corre pra fazer.
Muita coisa vem acontecendo, no tempo certo eu vou colocando as coisas aqui, tudo ao seu tempo, mas sei que esse vai ser um tempo de mudanças na minha vida, um tempo como poucas vezes eu tive, e que eu espero, que dessa vez dê tudo certo como das outras e que as coisas mudem pra melhor.
São muitas coisas ao mesmo tempo remoendo na minha cabeça, mas a principal delas é a ansiedade, não sei em relação a quê, mas suspeito que seja em relação a viver.
Muita coisa vem acontecendo, no tempo certo eu vou colocando as coisas aqui, tudo ao seu tempo, mas sei que esse vai ser um tempo de mudanças na minha vida, um tempo como poucas vezes eu tive, e que eu espero, que dessa vez dê tudo certo como das outras e que as coisas mudem pra melhor.
São muitas coisas ao mesmo tempo remoendo na minha cabeça, mas a principal delas é a ansiedade, não sei em relação a quê, mas suspeito que seja em relação a viver.
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