quinta-feira, março 27, 2014

Epidemia Esquizofrênica – Compre On Line!

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Epidemia Esquizofrênica: Uma década muito louca em São Paulo é um livro estonteante, com o ar de pessoalidade de um blog, descrições cinematográficas e uma agilidade de quem não consegue conviver com a angústia muito tempo. 
Com uma linguagem cheia de ginga e o uso indiscriminado de referencias pop, inclusive citando a trilha sonora de quando alguns dos contos foram escritos, esse é um livro para ler com o MP3 ligado e com um marca texto, mas que não deixa de ter seu sentido em si mesmo.
João Pedro Moraes coloca uma paixão desenfreada nas linhas, fala das agruras da vida como se fossem lições inevitáveis, canta São Paulo e seus pontos nevrálgicos como quem sabe do que está falando. O lançamento no aniversário da cidade foi uma homenagem justa, que fica clara do título à introdução e que se mostra por todo o livro, que explora o cotidiano dos personagens mais marginalizados dessa cidade cada vez mais dicotômica. Mas não os traz como uma visão indiferente e terceirizada, o livro te coloca na pele dessas pessoas que são quem faz São Paulo funcionar, mostrando que eles não são apenas números e uniformes, mas pessoas que amam e sofrem, com a intensidade de quem não tem nada a perder.
Desde o início o autor deixa claro o que está posto, é a visão de um jovem periférico da zona sul de São Paulo sobre a vida na cidade, sobre as relações, sobre os medos e angústias de quem não se importa com o que os outros vão pensar porque já tem problemas o suficiente. É uma provocação contemporânea, divertida, uma literatura marginal que não é nem engajada nem “proibida”, mas apaixonada, urgente, realista e lúdica como seu cenário principal, a cidade que nunca dorme. Misturando romance, aventura e humor, Epidemia é um livro de leitura fácil, que diverte desde o adolescente até um senhorzinho mais liberal.
Pode-se dizer que é um retrato da juventude Zona Sul que foi surrada pela vida nos anos 1990, agora revisitada, mais ligeira e pronta pra dar o troco em forma de arte, como muitos daquela época estão dando agora nos saraus periféricos, batalhas de MCs e nas capas de revista. E João Pedro Moraes parece vir pra ser mais um desses caras da Sul que vai causar! Vale conferir.

E ai? Tá afim de enlouquecer?

Ponto de venda exclusivo:
LIVRARIA DO ESPAÇO, NO ESPAÇO UNIBANCO ITAÚ DE CINEMA, na Rua Augusta, 1660.

Em breve outros pontos de venda…

On line:
Pay Pal ou PagSeguro – boleto, cartão de crédito, débito em conta ou transferência bancária

Rápido, prático e com entrega garantida em até uma semana.

Mas se você tá proibido pela patroa de ir pra Augusta ou não confia em internet e acha que essas coisas não dão certo é só me mandar um e-mail para elavaiserminha@gmail.com com o teu endereço e a quantidade de livros que eu te passo o número da conta para depósito.

Para comprar via PayPal ou PagSeguro mesmo clique na foto do livro no início do post ai aqui embaixo.

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nulla die sine linea

Estava chateado, não estava claro exatamente o porquê, quer dizer, o porquê sim, mas era estranho o como aquilo funcionava na minha cabeça... Era uma partida perdida, de inicio, não ia dar pé, lembrei de quando quase me afoguei no Caribe mexicano, aquilo sim seria um final glorioso. Lembrei também de quando terminei com a Kelly e ela vinha chorando com suas calças brancas atrás de mim pelas ruas do Paraíso num balé de abraça, beija, rodopia, chora, pliê, grita, abre os braços, fecha os punhos, ajoelha, juras de amor enquanto eu tentava convence-la de que aquilo era o que restava pra nós depois dela adquirir uma asma alérgica de ciúmes das caipiras do meu cursinho e de os tempos de sexo louco pelos becos terem acabado era só aquilo que restava, dançar. Tinha acabado, era fato, mesmo toda aquela paixão à la Lua de Fel não poderia mais nos manter juntos. 

D 57 – Rogério Sganzerla – Colégio Mackenzie, blá blá blá...

D58 – Equipamentos de áudio e som Phillips instalados em cinemas brasileiros.

Acabaram os envelopes, preciso de álcool e pedir pra ela raspar umas ferrugens...

Volto, engulo seco, cadê o estilete? ... “será que dá pra ver na minha cara assim...” no foyer toca Desafinado, na flauta, Desafina na flauta é muita falta de sacanagem. “My life is to live in solitud” eu lembrava, o Sinatra com aquele portuguesinho safado de buteco aprendido com o Tom, o maior dos safados de buteco. Lembrei das noites no Brooklin dançando nu com Laura, o Sinatra, o Jobim, o Ray Charles, éramos como um corpo só, mesmo com toda minha inabilidade eu rodava minha princesa até caírem pétalas do céu, da lua cheia direto para nossa cama. As horas passavam rasgadas pela agulha da vitrola e nos amávamos como ninguém nunca amou nesse mundo, como que nem tivesse um mundo trás da porta manca. Da janela à minha frente, por entre as persianas, dá pra ver a lua querendo-se cheia, fazendo sombras sinistras com os arames das pastas, doida pra levar minha alma.

D 74 – FIBICI 1967

Lembrei da outra noite, deitado no ponto de ônibus do Conjunto Nacional, olhando pra lua ainda magrinha lá, nem frio não fez pra me desviar do meu pesar. Deitei lá pra esperar, é claro, quem não viria. Só me ponho a esperar quando sei que não vem, se é certo que vem chego depois, pra desmentir amiga falsa e horóscopo de jornal. E quando chego fico atento pra ver se era pra ir mesmo ou se vem bronca. Quando é pra ir é fácil saber, quanto mais dente... mas nessa noite não tinha dente, não tinha olho, não tinha nem bronca pra deixar quente logo, nem isso, e a cabeça voada no raio na noite insípida de um dia desses sozinho querendo achar caroço em suco de manga... #monumentalfail. E nem tem mais como rasgar foto nessa vida, e até nisso fico lembrando... puta merda. #moiô

D 1205 Roman polanski – O bebê de Rosemary – Roteiro traduzido por... (não era pra estar aqui, mas ok)

Um cigarro, água, água, água, continua o cigarro... esfriou rápido, tem até um nevoeiro bem de leve. Os vultos sobem e descem do G4, parece que ninguém tem pressa, só eu... olha pra porta A, porta B, porta A, a lua ta lá, a diretoria acesa... dá um vazio gigante, é fome, muita, cigarro, água e café não dão mais conta. Como outro dia, em 2004, no escadão da Gazeta, tomando esporro, daquela vez tinha sido uma paulada na perna e as solas dos pés queimadas por ter a idéia genial de atravessar das Rendeiras até a Joaquina decalço a uma da tarde, em dezembro... tomei umas 3 horas de esporro, foi lindo, dramático, do fundo mesmo... hoje em dia as coisas não mais amenas, certamente. Certamente eu não faço mais tanta merda, quer dizer, faço, mas os tempos são outros, graças a Jah!

D 75 – Foto do Paulo Emílio em Buenos Aires.

D 71lh0 d4 put4 – Cai o estilete, abaixo. Cai o celular, lapiseira, isqueiro, cigarro, sangue. Um cortinho de merda e um monte de sangue. Lembro de Floripa enquanto vou pra copa. Aquilo sim era sangue, jorrava meeesmo, minha canela rachada no meio e eu com dor no peito. That tipical. Naquele verão eu tinha esperanças, não que não tenha agora, mas naquele... abria minha caixa de e-mails todo dia procurando, e acabei encontrando. Dois anos depois outro corte e um jantar ao qual eu não deveria ter faltado, afinal de contas, não se deixa sua mulher solta numa mesa cheia de artistas plásticos franceses, isso é burrice, não tem o que dizer. O Paulo Emílio me daria um “pedala” se já nos conhecêssemos, já que ele é entendido nesse negócio de artistas e de franceses.

Ah é, acho que não falei dele aqui ainda. Meu chefe, o fantasma que tem acalmado minhas noites de estudos sobre o cinema brasileiro, sobre a vida em rede, sobre as ciências da informação e sobre a alma humana, a começar pela minha, nem sempre tão humana, mas sempre rasgada, escancarada, rei do bafão, descendo a Augusta a 120 bpm com a cara molhada e o olho inchado desse tersol que não passa, dessa vergonha que não se decide, dessa coragem gaga, desse torpor permanente. Paulo é o nome perfeito pro meu guia, pois quem não me conhece sempre acaba me chamando de Paulo, João Paulo. Sei lá, acho que o Paulo ficaria satisfeito, talvez não tanto com o trabalho, que vai bem sim, apesar dos que acham o contrário, mas acho que ele gostaria de ver o quanto se vive naquele lugar, quanta paixão é colocada lá e que aos pouquinhos vai eclodir num nó de caminhos tão intenso que ele se confundirá entre as almas. A paixão não me erra, me arremata, chicoteia, me esmaga. Tudo vai, as pequenas, os trabalhos, as escolas, os colegas, os amigos, mas a paixão fica em mim, eu vivo de paixão e feijão, das coxas, das mesas fartas, da caixa de entrada bombando, das idéias postas, dos abraços, ônibus cheios, palavras grosseiras, roupa de ontem, de gozar juntos, de rir demais... vivo de viver muito, tem gente que vive de viver bem, mas qual a graça de se viver só o bom? Que graça teria morrer no Caribe se eu não fosse da Sul?

quinta-feira, dezembro 20, 2012

24.09.2006 e as paranóias daqueles tempos.


Um pensamento, um único pensamento momentâneo e aparentemente inofensivo pode ser aquele que vai mudar tudo, um questionamento, uma pessoa que você encontra na rua, um lugar que te vem à memória, uma música, um palavra, um cheiro, uma sensação, é tanta coisa que não dá pra descrever, não dá pra tentar juntar tudo e, sobretudo, não dá pra manter as rédeas sobre tudo o que se passa entre nossas orelhas.

Tenho vivido dias muito tensos, cheios de vida e de morte, facas, aranhas, pessoas queridas, lugares que me trazem lembranças, situações que me trazem lembranças, lembranças que me alegram, outras nem tanto, garrafas, louça pra lavar, coisas pra pagar, procurar, procurar, procurar, pôr os pés no chão e deixar a mente voar (Where is my mind?) quando necessário, ver gente, fugir de gente, querer e não conseguir, chorar, chorar, socar, chutar, chorar, doer, doer, doer, o sofá de couro branco, pés de metal, as taças de água, o churrasco, a fome, o jejum sem fome, o vazio, o se encontrar, o preencher, procurar, procurar, os erros, a burrada, a escolha, a decisão, o silêncio, o método alemão, o silêncio...

Conviver, fugir, estar, silenciar, correr, caminhar, jogar bola, não jogar, perder, perder, perder, conviver, superar, chorar, muitas idéias, outras propostas, capacidade, duvidar de si, corrigir o outro, querer, querer, matar, morrer um pouco, querer abraçar o mundo, fugir daqui, sair daqui, desespero, promessas vãs, credito, descrédito, vergonha, mentira, dadaísmo? Não, definitivamente, realismo fantástico, ilha da fantasia e da pizza, da garoa, da miséria, da fome, do descaminho, muita gente, periferia interminável, centro belo e sujo, e o resto? Eu quero, tenho medo mas quero, pior que isso não deve ser.

Os jornais, as revistas, os famosos, os amigos, perdi a peça de um amigo, o show de outro, vou à exposição de um, mas e a outra? É longe, fora daqui, queria ir, mas o meu dono não deixa, algumas dependências são eternas, algumas forças indestrutíveis, algumas barreiras intransponíveis, alguns segundos irretocáveis e outros quando não se sabe o que dizer são f... Tente alegar embriaguez, nervosismo, o que seja, é tudo verdade mas é tudo desculpinha, a explicação não merece ser proferida, está feito, desfeito, dito, pensado, foi, faz diferente ou corre e se afunda de vez, mas não se explique, um dia terei essa sabedoria.

Quero um lugar onde eu não seja refém da verdade!!!! Refém do passado, dos dedos em riste, das risadas, da pena, do julgo, dos atos, das palavras que eu disse, mas já não acredito, das que eu acredito mas não quero usar, das que eu ouço e não quero acreditar, ou não quero retrucar, ou não quero ouvir.

Não quero mais acreditar em profetas pessimistas, quero acreditar na evolução, constante. Quero acreditar na capacidade de perdoar, aprender, superar-se, quero acreditar na capacidade de acreditar, acreditar no suspiro, no gemido, no cheiro, nos olhos, quero acreditar no que é dito enquanto a boca cala, no que é dito sem permissão, quero me permitir falar, me permitir terminar a frase, me permitir atender ao telefone ou mesmo a permissão de desligar, quero ser mais livre de mim e das minhas próprias castrações, e das que são impostas.

Que dias muito loucos estes, como hoje quando fiquei cerca de dez minutos completamente sozinho no ponto de ônibus de uma rua deserta encarando uma pomba perneta, ela me olhava, se coçava e dava um pulo, como um Saci, eu a olhava, dava um trago, olhava de novo, dava mais um trago, tentava desviar o olhar, mas não dava, a porra da pomba perneta ficou me encarando até o ônibus chegar. Entrei no ônibus ouvindo Oasis e fiquei pensando no porque de a pomba ficar me encarando... Alguém tem alguma ideia?

Preciso urgentemente de uma praia, preciso ver o mar, na verdade preciso sair dessa cidade, não importa muito pra onde ir, mas a preferência é sempre uma praia, de preferência uma bem calma, bem vazia, bem quieta, um daqueles lugares pra você se sentar na areia e ouve apenas o barulho de uma onda, depois outra, depois outra, e outra.

Dirigir a vida sem carta, sem recomendações, viajar sem chinelos, sob a névoa que esconde a rua, e o céu que anda cinza de sono, ou chumbo depois das seis.


Amém!


Ouvindo:

Body Count – Winners loses.
Pearl Jam – Once, Oceans, Better Man.
Pixies – Where is my mind, Wave of Mutilation, Hey, Letter to Memphis.
Deftones – Root, Linus, Simple Man (Lynird Skynird cover), Digital Bath, Change (In the house of files)
Slipknot – Vermilion, pt. 2, Wait and bleed
Stone Temple Pilots – Creep, Big Empty, Trippin’ On a hole in the paper
The Cure – Lullaby, A Forest, Close to me, A night like This, Charlotte Sometimes
Wolfmother – The white unicorn, Love train
Tool – Spasm, Merkaba, Vicarious, Cold and Ugly, Vacant, Push it
Oasis – Be here now, My big mouth, Magic Pie, The girl in the dirty shirt, D’You know what I mean?, Champagne Supernova.
Dominatrix – 14th July 

sexta-feira, janeiro 13, 2012

2012

É agora que o mundo acaba.

Parece até engraçado, mas eu esqueci a função do blog, e o quanto eu gosto disso aqui. Eu passei por tempos muito verbais ultimamente, o que não é ruim, e passei também por um momento de quase estafa mental, para conseguir o que muitos, inclusive eu, por volta de umas quatro vezes por dia achávamos que eu não finalizaria, meu TCC, que foi enfim defendido e em breve estará on-line, aqui inclusive. (não que seja um primor, mas as horas gastas serviram de alguma coisa)

Tantas coisas para contar que eu nem conto mais, porque chegou 2012 e vai ser como eu esperava, meu slogan pra 2012 é “O último será o melhor”.

Acho que descobri o ponto fraco em ser aquariano. No começo do ano, quando todos estão recomeçando, revendo as metas, pensando no futuro, você também está, mas pros outros isso dura até o feriado, ou até o dia 5, mas pra você que está em inferno astral bombando (sim, eu continuo acreditando em horóscopo, não adianta me zuar) esse pensar no futuro tem tempo de se transformar em qualquer coisa, desde uma fuga pro Araguaia com uma L200 roubada, alguns suicídios (certamente existe uma estatística sobre suicídios de aquarianos em janeiro, com certeza). Por hora só mandei uns e-mails desagradáveis, os quais lamento e dublei um pouco de At The Drive-in pendurado num pedestal sem microfone como um hepilético, grande banda, podia passar por aqui antes de acabar de novo. Ou ganhar na quina o suficiente pra ir pro Coachella. O Black Sabath voltou também, e já veio canceroso.

Acho que o câncer é como um código, uma senha pra quem vai sobreviver ao holocausto do fim do ano. Se tirarmos pelos políticos latino americanos parece uma situação bem vermelha, e sem a locona da Kichner.

Como é bom ter um blog e poder falar merda alto. Tinha esquecido como é bom isso. Hoje eu passei o dia na casa dos meus pais, e aqui as coisas continuam as mesmas, como na Xanadu do Cidadão Kane, a casa nunca fica pronta, é uma obra simplesmente sem fim, e geralmente é nas férias, no desemprego ou entre uma mudança e outra que sobra pra mim de tocar alguma empreita, a da vez é um serralheiro.

Meu pai continua igual, há mais de 20 anos ele escreve um esqueminha num papel e explica, rápido, eficaz e simples. Mas se tem algo que eu aprendi com ele é que não existe simples em contrução civil, por isso eu sou bibliotecário. Começa sempre do mesmo jeito, o empreiteiro não está rendendo, daí eu vou passar umas instruções, ajudar o cara a se encontrar no caminho do bem, mas mesmo estando tudo nos conformes eles simplesmente não fazem. Se você paga por dia eles vão e não trabalham, se paga por empreita eles nem vão, e é ai que eu entro. Já dei a sorte de apenas ficam olhando e orientando... é, já, mas ficou uma merda. O serralheiro, Osmar, segundo casamento, evangélico, diabético, cinqüenta e poucos anos, teve um AVC dois meses atrás. Se tivesse dinheiro estava em observação com dieta controlada, mas é zona sul e tá soldando telhado e fazendo trilha pelo meio do mato de 40 minutos para ir trampar e para voltar pra casa, mas por causa do AVC ele pangua, e corta tudo errado, não consegue organizar os números, sabe aquela coisa bem AVC?

Lemas de caras Zona Sul pra caralho: Quem tem grana vai ao médico, quem é da Sul se acostuma com a dor. (Fino)

Que fique bem claro, eu não estou reclamando, por causa dessas experiências com empreiteiros de diversas áreas hoje eu posso dizer que eu não passo fome em lugar nenhum do mundo porque sempre vai ter uma empreitada pra fazer em algum lugar, seja elétrica, hidráulica, carpintaria, e agora, o que já não era sem tempo.. Metaaaalllllllllll!!!!!!COmo eu queria aprender a mexer com Mettttaaaaaaalllllllllllllllllllllllllll!!!!!!!!!!!

Tem gente que vem para o mundo pra falar, não consegue fazer nada sem falar, o Osmar é desses, foi colar junto que a coisa começou a desenvolver, tem gente que narra a vida, é como estar numa opera, é “se expressar” pra caralho, gatilho cognitivo, sei lá.


2012 vai ser da hora!

Tô afim de andar grampeado, James Bond mesmo, câmera, um mic bom, tudo na encolha, pra contar a história ao vivo das pessoas que eu conheço por ai, ultimamente eu tô messias, as pessoas olham para mim e começam a despejar a vida, se eu fosse terapeuta teria que andar com taxímetro no ombro.

Lembro que o Debord (não canso de dar essa referencia mesmo nem concordando tanto mais com ele) falava que o tempo é gerundico, que não existe mais passado, que com a sociedade midiatica e bla bla bla tudo estava acontecendo agora, a todo o momento na verdade, já que temos contato com tudo instantaneamente (isso porque nem tinha internet na época dele), o que me lembra também da Cauda longa e dos nichos quase infinitos. É como se tudo que já teve algum fã em algum momento da história sustentasse nem que seja um cara que ainda goste disso até hoje. Eu acho isso bom, porque agora eu posso falar sobre o EMF aqui e não ficar parecendo que eu passei trinta anos numa comunidade funkeira da zona leste de Detroit, ou de Archers of Loaf sem parecer que eu moro num trailler em Minessotta. Algumas coisas realmente parecem sempre estar acontecendo de alguma forma, como o Pixies que sempre tem um show novo para se baixar ou o At The Drive In que voltou... já deve ter uns 40% a mais de fãs desde que saiu no tuiter que eles tocarão no Coachella, eles sempre foram subvenerados. E eu não me empolguei com o Lollapallooza, Foo Fighters é foda, Janes Addiction nosssaaaa, mas e ai, MGMT boreia, Racionais é bom, mas não gostam de tocar pra roqueiro que paga essas grana toda pra ver gringo, e eu nem tiro a razão deles se eles fizerem isso (tocar de má vontade) mesmo, é algo de se esperar. Nesse gerundismo cognitivo eu fico com os anos 90, pelo menos pra musica, nos 2000 ficou tudo muito deprê enquanto o Bush esfregava merda na cara de todo mundo, a música ficou deprê, a Kilie Minoge virou a Shakira, a Madonna virou a Lady Gaga e Zezé de Camargo e Luciano virou Michel Teló e vesgo que eu já nem lembro mais o nome depois que esse ultimo apareceu. Só esses rock sambinha ai, uns rapper da vila madalena e as machoninhas da MPB de sempre. Esse ano pelo menos tem turnê do Chico, Caetano ainda nada, o João Gilberto foi um fracasso, o Faith no More arrebentou de novo assistimos ao último show do Sonic Youth, um puta show pra falar o minimo e ser bem comedido.

Eu nunca tinha trabalhado com metaaaalllllll assim, como esses dias. O metal é a prova derradeira da maleabilidade de tudo na vida, e da teoria do movimento perpetuo continuo prolongado, que eu reconheci enquanto jogava booble shooter e que basicamente diz que quanto mais movimento houver, mais vai haver e quanto mais movimento melhor. Estamos na era nuclear né, e depois desse século vinte aí é bom que as coisas comecem a entrar em movimento cada vez maior mesmo.

Parte da estratégia de finalização da cobertura de mettaallll, sobretudo depois de saber das condições físicas do Osmar, era buscar ele em casa e levar, pra tentar aumentar a quantidade de horas dele trabalhando. E então outra prova da teoria da maleabilidade, o caveirão, o carro da Melina, teve que se adaptar à sua própria realidade e como o caminho de Xanadu parece uma montanha russa, ele balança e serpenteia todo o tempo, os eixos parecem estar sambando como se dançasse uma eterna rumba, inaudível aos ouvidos humanos. Ao contrario do carro que ganhou malemolência, meu tênis de ir no hangar (nos tempos em que Emo era o Hateen e eu adorava) ficou tanto tempo parado que está fazendo mais barulho que o carro, é um nhec por pisada. Uma lógica que desenvolvi através dos anos é a de nunca jogar um tênis fora até que ele esteja impossível de usar, porque o que você comprou para substituir este, um dia pode estar ainda pior do que o velho antes de você ter a chance de substitui-lo, até lá o tênis mais velho vai parecer estar mais macio e confortável do que nunca, pelo menos em alguns casos. Tive um Traxx que eu reciclei uns 6 vezes, o Branco de ir pro Hangar de hoje já tá indo para a 4 reciclagem. Usei também a primeira calça que eu comprei na vida, com a grana que eu ganhei na època da locadora... Eu queria ter largado a escola mas minha mãe nunca concordaria com isso... Dá até pra entender porque o Tarantino faz os filmes que faz, uma mãe dessas é quase como não ter.[1]

Como é bom ter um blog, eu não canso de pensar nisso. Uma das coisas que eu mais gosto em ter um blog é que você não precisa terminar nada, é tudo um going on, você fala do que quiser, e quando se cansa pode simplesmente parar de escrever e vai dorm

Ouvindo:

At The Drive-in – Incetardis, Invalid litter dept., cosmonaut, Ursa Minor, Initiation, Give it a name



[1] Cansado de ser bullinado na escola, ao final das férias o jovem Tarantino, então um colegial, simplesmente não voltou pra escola. Depois de algumas semanas trancado no quarto sua mãe abriu a porta e lançou “se você não quer voltar pra escola OK, mas pelo menos arruma um emprego”, foi ai que ele começou a trabalhar numa locadora de vídeo e conheceu as principais influencias que o levariam a se tornar aquele sádico doente que todos adoramos (Lenda urbana que como manda a lei das lendas está aqui descrita com os detalhes que vieram a cabeça na hora e sem preocupação alguma com qualquer verdade existente ou possível)

quinta-feira, outubro 21, 2010

As busca incessante por noites bem dormidas, por sonhos sem fim, por acordar cedo tendo dormido muito e por curtir a noite toda sem ressaca de manhã. A busca de hoje que já é a de ontem que sempre foi a mesma e nem se percebeu. A percepção de tantas coisas em tantos prismas e dimensões e espectros e quantidades e em todos os sentidos sentida firme no peito afundado de fome apertado encurralado sombrio e raivoso e explodente, estourante, magnífico e dolorido angustiado machucado massacrando e doendo e pulsando enfezado de água suja e poeira e frio e calafrio do calor da febre e do desajeito das costelas apertadas da cabeça inchada do cérebro balançado bagunçado monotrilhico enrugado parafusado de baixo pra cima com uma chave Phillips.

segunda-feira, outubro 04, 2010

Elevador

São Paulo sempre foi uma cidade de pessoas esquisitas, eu como adoro bater perna dificilmente passo um dia todo sem encontrar alguém que fale aos quatro ventos sobre o fim do mundo, ou que escolha um estranho na multidão, geralmente alguém que não esteja ligando, como eu, para falar sobre suas armas que foram roubadas do castelo, o frango que comeu inteiro, as injustiças da vida de ladrão, sobre quando encheu a cara e fugiu do aniversário do filho descalça, sobre como lidar (ou como não lidar com a morte de alguém próximo), sobre as naves, as energias, os militares, as epidemias, os castelos, os covardes, as agruras, essas coisas que acontecem diariamente na vida de um maluco. Caminhar por São Paulo é como uma fábula, uma analogia viva do que é possível na cabeça de alguém. Tomo tudo por verdade, afinal, quem sou eu pra dizer que alguém está delirando, logo eu!? Acho que aí que mora a graça da cidade, só duvido se for realmente importante, se alguém te diz que tem um castelo com vários equipamentos sociais porque eu vou duvidar? No máximo vou pedir pra ir junto.

Segunda-feira, oitavas de final da copa, Brasil e Chile. Vou comprar o almoço, entro no elevador no 13. Não sei se é por causa do Zagallo mas o elevador chega cheio ao último andar... deve ser pra dar sorte.

Entro, um aperto, aperto o botão, 6 pessoas, nenhum “boa tarde”.. geralmente eu já ficaria na nóia “será que eu to fedendo”, “causei ontem? Será!” “Marofei?” “óculos escuros no elevador às 14 da tarde pode né?” Incomodo, o elevador é lento, as pessoas nem se olham, no máximo uma bufada, uma conferida no bolso, uma coçada na barba, parece tudo muito esquisito, se fosse no Japão e esperaria por um ataque ninja ou químico, mas é São Paulo e é copa do mundo, todo mundo fica estranho na copa... Desço, os outros também, sem tchau, nada, só a respiração funda e os olhares concentrados em algo entre as pontas dos pés e o chão. Na rua mais gente nervosa, no mercado a caixa suava de pingar, no açougue o Josué com os braços cruzados já não queria atender mais ninguém. Corre-corre, filas, ruas pintadas de verde e amarelo, o time está mais ou menos, de novo, a primeira fase foi difícil... deve ser isso.

De volta ao prédio encontro no hall do térreo um senhor, cabelos brancos e olhos bem azuis. Um aceno de cabeça, tímido, mas já bastante efusivo perto da saída. Não me contive.

- O povo na rua ta nervoso hoje né? – Soltei, só pra descontrair.

Ele me olha sério, por sorte ainda estou de óculos, senão teria definhado, sério, em um segundo a idéia de contato humano parecer a maior burrice do mundo.

- Esse país pára! É ridículo, o cumulo! – Engoli seco, ele me olhava com os olhos arregalados.

- É né, as coisas vão mal. – O que mais poderia ser dito? Não me ocorreu nada, juro.

- Esse mundo devia acabar! – Exclamou sem pestanejar.

- É né, 2012 tá aí já né! – Que idéia genial falar sobre uma lenda com um cara desses. Ele franziu a testa ainda mais... agora eu tava com medo.

- Quando o mundo acabar não vai ter 10 pra salvar, vai morrer todo mundo. – Falou olhando pro meu hipotálamo.

- Glup. –

O elevador pára, ele vai indo pra porta ainda me olhando, acena com a cabeça novamente... ufa! Sobreviv..

- Boa tarde! – Falei quase comemorando.

Do lado de fora ele se vira e com aquele olho azul gigante me olhando:

- Põe a cabeça aqui! – Decreta.

- Co-coco... coméquié? – No susto eu tinha encostado na parede do fundo do elevador..

- Põe a cabeça aqui, to falando?

- Ma-ma-mas porque? – Fui me adiantando vagarosamente tentando entender do que se tratava.

- Põe a cara aqui que eu to te falando rapaz! – Repete ríspido.

Procurei uma câmera escondida.. nada... como bom frouxo acatei, com uma mão segurando a parece do elevador e a outra segurando a porta coloquei a cara pra fora do elevador.

- Ta sentindo? – cri-cri-cri.

- Ta sentindo ou não? – Pela cara e pela distância só podia ser cheiro, e tinha sim um cheiro estranho no ar.

- Tô... – Será que eu to? – É... carne com abóbora? Parece bom! – Falei com aquele sorriso amarelo de quem não quer mais fazer amigos.

- NÃO! É o cheiro desse cachorro!! É todo dia assim, eu não agüento mais.

- ahhh... – “Que cheiro?” pensei – É ruim né...

- Isso tem que acabar, eu vou... – Deu uma bufada e – terei que tomar uma providência... – Falou enquanto a porta se fechava lentamente.

– É fogo né? Boa tarde! – Falei só pra não entrar na lista, afinal, caras assim devem ter listas.

Só tem maluco nessa cidade...

sexta-feira, setembro 17, 2010

What ever happened in new york?

Nova Iorque sempre esteve nos meus objetivos, ok, talvez nem sempre em objetivos específicos ou realmente em planos dos mais concretos e factíveis, mas mesmo depois de descobrir que o "Curtindo a vida adoidado" foi rodado em Chicago, depois da paranóia pós onze de setembro e de saber que a Scarlett Johanson tá casada, mesmo assim, NY é o lugar, pra mim. Claro que meus desejos relativos à big apple são todos imaginários e baseados em filmes, discos, quadros, fotos, seriados e personagens, mas considerando minha última visita a uma cidade mítica, o Rio, tenho certeza de que seria praticamente impossível me decepcionar com a terra da Carrie Bradshaw, do Woody Allen, do Sonic Youth, dos Beastie Boys, do Robert de niro, dos Friends, do Duke Ellington, do Frank Sinatra, do Harvey Keitel, do Lou Reed, isso sem falar no Spike Lee, na Yoko Ono entre tantos outros que vivem lá... e essa lista não acaba nunca, a terra da liberdade (humpf) está cheia de gente produzindo coisas, criando, vivendo numa muvuca que eu adoraria participar.

Gosto de cidades grandes, casa cheia, multidões, gosto de ver as coisas pegando fogo, acho que é por isso que gosto de NY, muita gente, muita coisa acontecendo. Nas últimas semanas venho assistindo a uma overdose de Sex and the City, que confesso, é uma das minhas séries favoritas, o que não seria dificil de se imaginar pois a personagem principal é uma escritora, o grosso da ação rola à noite, o mote da parada são relacionamentos, dos mais profundos até os meramente sexuais, a produção é de um bom gosto invejável para locações, roupas e tudo o mais, os roteiros são bem amarrados e as histórias tão bem contadas que as personagens acabam por parecer pessoas reais, e o melhor de tudo, a série mostra NY em ângulos maravilhosos, bares incríveis, galerias de arte fodas, baladas lendárias, cafés charmosos, ruas charmosas e claro, mulheres maravilhosas, belas, maníacas, com bom gosto e mente aberta, o que por mais ficcional que seja a série não vejo como ser um exagero assim tão grande. E aínda com o agravante que lá não existem esses bloquinhos portugueses nas calçadas, o que viabiliza os saltos agulha pela cidade toda, o que espetacular.

Estamos sempre buscando algo além de nossos limites ou a vida numa cidade realmente tem limites emocionais? #carrieon

Moro em São Paulo faz 22 anos, desde garoto sempre tive uma ansia enorme por conhecer tudo por aqui, os melhores e os piores bares, as principais ruas e avenidas, as lojas, os shoppings, os cinemas, os teatros, as galerias, os tipos, os mendigos, as putas, as estações de metro, os atalhos, as bocas, as vistas, as janelas, os museus, as mulheres, os parques, os problemas, os lugares onde não ir, eu queria tudo e depois de explorar como um kamikase eu estou ficando farto. Claro que não dá pra dizer que não tem o que se ver, o que fazer nem nada assim, sempre há, se você pega o metrô todo dia no mesmo horário a possibilidade de você reconhecer mais de duas ou três pessoas no seu vagão depois de um ano é remota, eu diria que é quase impossível, mas já trabalhei na Paulista, tanto no Paraíso quanto na Consolação, no centro, na Berrini, no Itaim, na Vila Madalena, na Vila Mariana, no Brooklin, no Butantã, na Lapa, agora estou em Pinheiros, de novo, depois de uns sete anos desde a última vez. Também já morei na zona sul quase toda, de Parelheiros ao Brooklin foram pelo menos cinco ou seis lugares, na oeste mais uns cinco, namorei mulheres dos dois lados da Paulista, de todos os lados da zona sul, da leste, norte, Osasco, ABC. As vezes, em dias de azar, tenho certeza de que posso ser atropelado ou receber uma garrafada de qualquer uma delas, em qualquer lugar.

Ai que entra NY, lá é o lugar perfeito pra começar uma vida nova, ninguém mais quer ir para os EUA e lá os poucos que eu conheço sabem muito pouco sobre quem eu fui e quem eu sou, seria um começar do zero, ganhando em dollar e numa cidade onde cada um veio de um lugar.

"Admita, seu problema é com a sua vida e não com São Paulo" diria um filho da puta qualquer. Mas esse é o lance, longe daqui eu não preciso admitir porra nenhuma! E eu adoro a minha vida, mas aqui e agora tem pouco que eu possa fazer aqui, tô muito manjado já, eu preciso de ar novo, ninguém aguenta mais olhar pra minha cara aqui, quando mais de três pessoas querem ver sua caveira num lugar é porque você não tá agradando, e eu acho que falo muita merda ou fiz muita merda ou fui feliz demais pras pessoas me admitirem aqui, então o negócio é pegar minha nega, minha mochila e sair loco, cutucar calçadas novas.

Mas proque NY? você me pergunta, e a resposta é simples, porque lá é o topo do mundo, o centro, aínda hoje e mesmo depois de perder algo do charme dos anos 30 com o jazz fervendo ou dos anos 80 com o hip-hop atravessando a ponte, mas é lá que as coisas acontecem, e como bom megalomaníaco que sou eu sei que preciso ver o mundo do topo, do centro, pra a partir daí começar realmente meu caminho, seja pra plantar bicho da seda em minas ou pra escrever romances sobre São Paulo ou sobre Atibaia, não importa, o lance é que eu preciso ver as coisas de lá, viver a vida no limite, podendo ser explodido a qualquer momento, ganhando boas gorjetas e esperar pela chance que pode surgir numa fila de cinema atrás do Woody Allen ou numa conversa de bar onde o editor da New Yorker vai estar na mesa do lado e vai querer uma coluna minha lá, posso descarregar peixes congelados no cais do porto ou ser garçon no Queens, mas quero ver qual é a do pico, porque São Paulo tá começando a ficar pequena e isso é entristecedor por um lado, mas por outro me mostra que preciso buscar meu caminho, e meu caminho é o caminho e não um lugar, meu lugar é a estrada e não adianta lutar contra isso, e nessa estrada a próxima parada é New York.

Ouvindo: http://listen.grooveshark.com/#/playlist/NY1/35777527